O Brasil está repleto de lendas urbanas e uma de suas mais famosas é a da chamada “Loira do Banheiro”. É natural para as crianças brasileiras crescerem com um misto de medo e curiosidade, esperando o momento em que conhecerão a temida Loira do Banheiro.
Para que isso aconteça, as técnicas variam. Alguns dizem que basta olhar no espelho e dizer seu nome três vezes. Outros que é necessário dar descarga. Mas o fato é que, realizado o ritual, uma jovem loira, pálida e com vestes brancas aparecerá, com pedaços de algodão no nariz, na boca e nos ouvidos. Reza a lenda, claro.
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O que poucos sabem é que essa popular lenda surgiu de uma história real e totalmente brasileira. Apesar de algumas características do ritual para invocar a Loira do Banheiro terem sido derivadas de uma lenda norte-americana, a da Maria Sangrenta – ou Bloody Mary, no inglês – a história que inicialmente deu origem ao mito aconteceu no Brasil, no interior de São Paulo.
O que inspirou a lenda da Loira do Banheiro
A história real e documentada de Maria Augusta de Oliveira Borges é o que teria inspirado a lenda da Loira do Banheiro. A jovem era filha do Visconde de Guaratinguetá, município no Vale do Paraíba, em São Paulo.
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Com 14 anos, em 1880, Maria Augusta foi obrigada pelo pai a se casar com o conselheiro Dutra Rodrigues, um homem influente e 21 anos mais velho. No entanto, infeliz com o casamento, quatro anos depois, com 18 anos, a mulher roubou as jóias da família do marido e, com o dinheiro, se mudou para Paris com a cara e a coragem, sem conhecer ninguém.
Mas, oito anos depois, em 1891, quando Maria Augusta tinha 26 anos, ela morreu em circunstâncias até hoje misteriosas, já que seu atestado de óbito se perdeu no traslado, financiado por sua família, de seu corpo por navio entre Paris e Brasil.
Com o cadáver de Maria Augusta em posse de sua família no Brasil, os parentes construíram uma urna de vidro para o corpo no casarão da família, disponível para visitação pública, enquanto construíam o túmulo da filha. Quando a sepultura finalmente ficou pronta, a mãe de Maria Augusta, Amélia Augusta Cazal, não queria enterrar a filha, mas cedeu após ter diversas visões da futura Loira do Banheiro pedindo para ser enterrada.
Como a história virou lenda
Uma década após o sepultamento de Maria Augusta de Oliveira Borges, em 1902, a Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves foi inaugurada no lugar em que antes estava a mansão onde morava a jovem.
Foi então que a lenda da Loira do Banheiro começou a tomar corpo, primeiro com simples boatos de que o espírito de Maria Augusta vagava pela escola. Depois, um incêndio comprometeu as dependências da Escola em 1916, o que impulsionou ainda mais a história da Loira do Banheiro.
A teoria é de que Maria Augusta teria morrido de raiva, uma doença comum à época na Europa e que causa desidratação nas vítimas, daí o incêndio. Criou-se, então, a lenda de que o espírito anda pelos banheiros da escola abrindo torneiras para saciar sua sede e pedindo que seja enterrado. Se chamada três vezes em frente ao espelho, a Loira do Banheiro pode até fazer uma visita.
* Com informações da Superinteressante.