CPI DO SERTANEJO

Caso Gusttavo Lima: One7 (17) não pegou R$ 320 milhões com BNDES

Empresa faz parte de um fundo que comprou shows antecipados do artista; várias das contratações em prefeituras, no entanto, continuam suspeitas

Gusttavo Lima.Créditos: Reprodução/Redes Sociais
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A empresa de investimentos One7 (nome que remete ao número do presidente Jair Bolsonaro enquanto candidato em 2018), uma das donas de um fundo que comprou shows do cantor Gusttavo Lima, não pegou R$ 320 milhões emprestados com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), de acordo com informação publicada em vários veículos, inclusive na Fórum.

A One7 é cotista do fundo Four Even, que não tem relação com as apresentações de Lima, mas antecipa para artistas o recebimento dos valores de shows e passa a ser o dono da venda das apresentações. O objetivo é conseguir, com as vendas, um lucro em relação aos valores adiantados. Gusttavo Lima é um dos sete artistas cujos shows estão nas mãos do fundo. A One7 disse ao UOL Confere que entrou no Four Even em agosto de 2021.

Os shows de Gusttavo Lima fazem parte de um negócio diferente do que a One7 tem com o BNDES. A companhia tem parte de um fundo (FIC FIDC XP Brasil MPME) voltado para oferecer crédito a pequenas e médias empresas que, segundo informações divulgadas pelo próprio BNDES em dezembro, terá um aporte de R$ 320 milhões do banco público. A One7 colocou R$ 20 milhões neste fundo, que também tem R$ 60 milhões da XP Asset.

Em resumo, a One7 tem cotas nestes dois fundos — Four Even e XP Brasil MPME —, mas eles têm finalidades diferentes. O Four Even busca lucros em cima da revenda de shows de artistas como Gusttavo Lima; o XP Brasil MPME oferece crédito para pequenas e médias empresas. E foi este último fundo, o XP Brasil MPME, que recebeu o dinheiro do BNDES.

O que diz a One7

A One7 afirmou em nota que é uma plataforma de serviços financeiros e não administra carreira de artistas. "A One7 esclarece, ainda, que as operações do fundo Four Even FIDC não têm qualquer relação com o aporte feito pelo BNDES em 2021, destinado ao fundo FIC FIDC XP Brasil MPME, do qual a One7 também é cotista", declarou a empresa em nota. Veja abaixo:

BNDES

Já o BNDES disse também através de nota que é cotista do fundo de crédito do qual a One7 faz parte e que "a XP é a gestora do fundo e foi responsável por selecionar as fintechs associadas: tanto a One7 quanto a Acqio. O BNDES não possui nenhuma outra relação ou vínculo com qualquer outro fundo capitaneado quer seja pela XP, One 7 ou Acqio."

A Balada Eventos, empresa de Gusttavo Lima, também foi procurada, mas não havia enviado resposta até o horário da publicação desta checagem. Veja abaixo:

Dinheiro público

Gusttavo Lima chorou em suas redes sociais nesta terça-feira, afirmando que não tem ligação com dinheiro público e acredita ser alvo de perseguição. "É um peso gigantesco ter que aguentar tudo isso. Não sei o motivo de tanto ódio, de tanta perseguição”.

Apesar de dizer que não pega dinheiro público, Lima admitiu que cobra das prefeituras o mesmo valor dos contratantes privados e afirmou que a única coisa que tem para vender é a sua arte.

O cachê destinado ao sertanejo pela prefeitura de Conceição do Mato Dentro, na Região Central de Minas Gerais foi motivo de polêmica nesta semana, após ser revelado que o dinheiro partia de uma verba que seria para a saúde e a educação, obtida a partir da Compensação Financeira pela Exploração Mineral, a CFEM.

Zé Neto

No dia 14 de maio, o cantor Zé Neto da dupla Zé Neto e Cristiano usou tempo de um show que fez para criticar a Lei Rouanet e disparar contra a cantora Anitta, que tem se posicionado contra o presidente.

“Sorriso, Mato Grosso, um dos Estados que sustentou o Brasil durante a pandemia”, diz o cantor. “Nós somos artistas que não dependemos de Lei Rouanet, o nosso cachê quem paga é o povo, a gente não precisa fazer tatuagem no ‘toba’ pra mostrar se a gente tá bem ou não, a gente vem simplesmente aqui e canta”, disse na ocasião.

Crise sem precedentes

Ao fazer críticas à Anitta, o cantor Zé Neto abriu uma crise sem precedentes no mercado de shows e acabou virando alvo de críticas de seus colegas de gênero.

De acordo com a coluna do Fefito no Splash, sertanejos não têm poupado críticas a Zé Neto em grupos de WhatsApp, pois suas declarações abriram uma "caixa de Pandora". Desde suas críticas à Lei Rouanet, tem sido revelados vários cachês milionários realizados em cidades pequenas pelo Brasil que foram sido pagos com dinheiro público e muitas vezes sem licitação.

Com informações do UOL confere