O escândalo de Gusttavo Lima envolvendo cachês milionários arrancados de prefeituras de cidades pequenas, em alguns casos de origem suspeita, é uma das faces do bolsonarismo que se abre agora ao país feito fratura exposta. No sábado retrasado (21), o cantor – que agora chora e diz não ter ligação com dinheiro público – se apresentou no estádio Mané Garrincha, em Brasília.
Um trecho do show, compartilhado com orgulho por vários expoentes da extrema-direita, como o empresário Luciano Hang, o Véio da Havan, o conhecido narrador de rodeios Cuiabano fez um longo discurso anticomunista, em que usava termos típicos do bolsonarismo, como “Deus, Pátria e Família”, este proveniente do integralismo, movimento integralista de caráter fascista surgido nos anos 30.
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Comunismo
“A sua família é sua riqueza e nós temos que defender e acreditar. Porque na vida é Deus, pátria e família”, disse. E em seguida, complementou: “E a gente tem que conquistar essa porra porque o Brasil é nosso (…) O que o sertanejo tem de melhor? Nós temos aquilo que o brasileiro gosta que é a simplicidade, que é o jeito de conversar, de tomar uma, levantar cedo dormir tarde acordar, pedi benção pro pai ou pra mãe. Isso e a verdade que a gente tem que acreditar (…) Porque aqui nunca vai ser o comunismo e sim uma democracia”.
Zé Neto
O discurso de Cuiabano durante o show se soma a outras manifestações pró-Bolsonaro em eventos sertanejos, conforme destaca o Congresso em Foco. No dia 14 de maio, o cantor Zé Neto da dupla Zé Neto e Cristiano usou tempo de um show que fez para criticar a Lei Rouanet e disparar contra a cantora Anitta, que tem se posicionado contra o presidente.
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“Sorriso, Mato Grosso, um dos Estados que sustentou o Brasil durante a pandemia”, diz o cantor. “Nós somos artistas que não dependemos de Lei Rouanet, o nosso cachê quem paga é o povo, a gente não precisa fazer tatuagem no ‘toba’ pra mostrar se a gente tá bem ou não, a gente vem simplesmente aqui e canta”, disse na ocasião.
Crise sem precedentes
Ao fazer críticas à Anitta, o cantor Zé Neto abriu uma crise sem precedentes no mercado de shows e acabou virando alvo de críticas de seus colegas de gênero.
De acordo com a coluna do Fefito no Splash, sertanejos não têm poupado críticas a Zé Neto em grupos de WhatsApp, pois suas declarações abriram uma "caixa de Pandora". Desde suas críticas à Lei Rouanet, tem sido revelados vários cachês milionários realizados em cidades pequenas pelo Brasil que foram sido pagos com dinheiro público e muitas vezes sem licitação.