Mais "zen" e 25 quilos mais magro, o músico Lobão - um dos maiores apoiadores do golpe de 2016 e do processo que levou Jair Bolsonaro (PL) ao poder em 2018 - diz que "mergulhou numa viagem interior" para se livrar do "fanatismo" político que se meteu.
"Pensei: 'Não vou mudar o país, mas pelo menos vou ficar um luxo'", disse o músico com ar blasé em entrevista ao jornal O Globo.
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"Mergulhei muito numa viagem interior. Reli [o escritor francês Marcel] Proust, foi uma aventura enorme. Não tenho mais paciência pra viver com esse tipo de fanatismo. É uma cegueira dos dois lados", relativizou em seguida.
Lobão foi um dos primeiros artistas a abandonar o bolsonarismo, ainda em 2019 e diz que deu um "timing moral" aos amigos da ultradireita conservadora.
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"Em abril de 2019, eu disse no Twitter que havia um timing moral pra qualquer um deixar de ser Bolsonaro. E quem não fizesse autocrítica, eu daria um “block”, alijaria do meu convívio. Foi o que aconteceu com o Roger [Moreira, do Ultraje a Rigor]".
Regravando clássicos da música brasileiras, incluindo composições de artistas que ele atacou durante sua época mais hard, Lobão sinaliza uma reaproximação a figuras como Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil, alvo de sua ira ultraconservadora de tempos atrás.
"Todas as críticas que fiz são absolutamente pertinentes. Mas são artistas pelos quais tenho tremenda admiração. E externar essa admiração só faz bem para a alma. E só faz bem ter na periferia do meu ser pessoas das quais eu posso divergir, mas podem refletir sobre a importância deste gesto".
Ao final, o músico se mostra como um guru e faz uma ode ao "recolhimento" a que se propôs.
"Você começa a perceber o que é e o que não é razoável. E que existe a elegância, que é um acumulo de harmonia, ritmo, distensão, relaxamento. Isso me ensina tudo na vida. E me torna uma pessoa menos desagradável, menos conflitante com as pessoas. Do jeito que eu me colocava, era destrutivo. Esse recolhimento foi muito saudável".