A chegada da Quaresma para os católicos - religião que agrega cerca de 60% dos cristãos do Brasil, segundo o IBGE (2010) - traz o significado de penitência, que pode ser traduzido no jejum, teoricamente obrigatório para fiéis da igreja que tenham entre 14 e 60 anos.
Para o Papa Francisco, "Jejuar é aprender a modificar a nossa atitude com os outros e as criaturas: passar da tentação de 'devorar' tudo, satisfazer a nossa voracidade, à capacidade de sofrer por amor, que pode preencher o vazio do nosso coração".
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No entanto, com o tempo, muitos católicos amenizaram esse sofrimento e reduziram a abstinência a parte da vida, como o sexo, o consumo de carnes vermelhas ou de bebidas alcoólicas.
Mais do que tradição, o jejum remonta a séculos de doutrinação católica e desde 4 de outubro de 1994 segue disposições normativas instituídas pelo decreto conciliar Christus Dominus (nº 38), aprovado na conferência de bispos italiamos.
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A lei da abstinência é categórica ao proibir "o consumo de carne, bem como de alimentos e bebidas que, segundo um julgamento prudente, devem ser considerados como particularmente procurados e caros".
No entanto, a própria história do catolicismo traz, digamos, contravenções a essa lei.
Uma dessas contravenções virou tradição entre aqueles que não se dispõem a ficar 40 dos 365 dias do ano sem uma cerveja gelada.
No século XVII, um grupo de monges da Ordem dos Mínimos (Paulaner monks, em alemão), fundada por São Francisco de Paula, mudou-se do sul da Itália para o mosteiro de Neudeck ob der Au, na Baviera (Alemanha).
Durante a Quaresma, os monges não podiam consumir alimentos sólidos. Como eles precisavam de algo que tivesse mais sustância do que a água, adaptaram-se ao elemento da região que se encaixava nas suas necessidades: a cerveja.
Os monges decidiram fazer a sua própria cerveja, a qual continha uma grande quantidade de carboidratos e nutrientes que os ajudavam a suportar o jejum. Seu sabor era doce e o nível de álcool era baixo. Devido à sua consistência forte, chamavam-na de “pão líquido”. Este tipo de cerveja está catalogada no tipo doppelbock e a sua cor é escura.
Quem conta essa história é Martin Zuber, o mestre cervejeiro e sommelier de cerveja da empresa alemã Paulaner, fundada em 1634, que seguiu a tradição dos monges.
Zuber conta que a cerveja dos monges foi batizada com o nome de “Salvator”, este nome vem de “Sankt Vater”. A tradução dessas palavras é “a cerveja do Santo Padre”, que era consumida pelos monges durante a quaresma.