O 12º ANIMAGE – Festival Internacional de Animação de Pernambuco traz um expressivo recorte do cinema de animação mundial, distribuídos nas diversas sessões de curtas-metragens, longas inéditos e mostras especiais, como a Africana, Erótica, Mostra Brasil e uma retrospectiva de Oskar Fischinger.
A programação, que acontece em Recife (PE), de 15 a 20 de novembro, está cheia de filmes sócio-políticos e de resistência, com história vividas em países e situações distintas. Longas e curtas-metragens que refletem a rica e atenta produção do cinema de animação mundial.
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Filmes LONGA-METRAGEM
Resistência
Fritzi - Uma História Revolucionária (Alemanha), de Matthias Bruhn e Ralf Kukula estreia no Brasil pelo ANIMAGE. A narrativa rola na cidade de Leipzig, na época dos movimentos que levaram à queda do Muro de Berlim, a partir do ponto de vista de uma adolescente. Engraçado, educativo e comovente, o longa alemão mostra o que aconteceu em 1989 nos países do antigo bloco soviético e destaca como a voz de muitos e em protestos não violentos podem trazer mudanças duradouras e abalar o poder de poucos. A produção é uma colaboração entre cineastas da Alemanha Oriental e da Alemanha Ocidental. A exibição do longa é fruto de parceria com o Consulado Geral da República Federal da Alemanha no Recife, que apoia o festival desde 2018.
Para quem está fora do Recife, onde acontece o evento, os diretores do longa ministram online a masterclass “Making of “Fritzi” – um filme sem fronteiras”, pelo Youtube do festival, com acesso gratuito, sobre o processo de criação do filme.
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Ditadura Brasileira
Meu Tio José (Brasil), dirigido pelo baiano Ducca Rios e com voz de Wagner Moura. A história acontece a partir do assassinato de José Sebastião Rios de Moura, membro do grupo de esquerda Dissidência da Guanabara. Ele participou do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, em 1969, e permaneceu exilado por dez anos até voltar ao Brasil para ser morto em um crime com fortes evidências de motivação política e que ainda hoje não foi solucionado. Baseado em um recorte real da vida do diretor, que traz um drama familiar e político sobre a relação dele (ainda garoto) com seu tio ativista durante a ditadura militar. O longa apresenta um poema inédito de Torquato Neto, dedicado ao Tio José e a trilha sonora traz canções de Chico Buarque, em novas versões. Foi exibido no Festival de Cinema de Animação de Annecy (França) este ano.
Regimes opressores
Nayola (Portugal/Bélgica/Holanda), animação portuguesa já premiada de José Miguel Ribeiro estreia no Nordeste pelo festival, é baseada na peça "A Caixa Preta" de autoria dos escritores africanos Mia Couto (Moçambique) e José Eduardo Agualusa (Angola). A trama se passa em Angola, envolvendo três gerações de mulheres afetadas pela guerra civil, onde o passado e o presente entrelaçam-se. Todas as vozes das personagens são de atrizes e atores de Angola, o consagrado cantor Bonga também está no elenco e na trilha sonora. A exibição deste filme no evento acontece pela parceria com o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P.
La Traversée (França), de Florence Miailhe, narra uma jornada em família na fuga de um regime opressor, em um misto entre fantasia e realidade. O longa-metragem de animação foi feito à mão, com técnica de aquarela, e traz uma fábula primorosa e atemporal. Exibição parceria com o Consulado da França em Recife e Embaixada da França no Brasil, que apoiam o festival desde 2015.
Imigração
Home is Somewhere Else (México/EUA), de Carlos Hagerman e Jorge Villalobos, também estreia no Nordeste, conta três histórias, cada uma com estilo próprio de animação, sobre famílias imigrantes que compartilham seus medos e esperanças sobre o que significa viver sem documentos nos Estados Unidos e a tensão permanente de viver em ilegalidade social e de uma possível deportação para si ou suas famílias. Mistura poesia, animação e conversas reais.
Filmes CURTAS-METRAGEM
No circuito da Mostra Competitiva 2022:
Reparaciones, de Wilson Andres Borja (Colômbia), conta sobre a migração (forçada e voluntária) através de um personagem inusitada: uma cadeira. Movida pelas forças invisíveis do colonialismo, da industrialização, e das consequências da guerra, a cadeira representa essas interações e reivindica expressões de resistência.
Holy Holocaust, de Osi Wald e Noa Berman-Herzberg (Israel), uma reflexão contemporânea e bem humorada sobre os limites das identidades públicas e privadas, íntimas e nacionais, com temática racial e semita. O curta mostra um segredo de família que abre um abismo entre duas amigas: enquanto a alemã Jennifer vê sua vida virar do avesso ao descobrir que é a neta negra de um conhecido comandante nazista, a israelense Noa faz de tudo para evitar que a sua também mude radicalmente.
Matapacos, de Karla Riebartsch e Lion Durst (Alemanha), é baseado no famoso "cão dos protestos" (cachorro revolucionário do Chile), Negro Matapacos. Um cão de rua conhece Maria, uma jovem ativista, juntos eles radicalizam em protestos, mas um dia acabam se perdendo e a garota vai presa. Maria é libertada algum tempo depois, com seu ânimo profundamente abalado. Porém, ao descobrir que o cão continuou indo a protestos e tornou-se um símbolo, por isso, ela encontra uma nova força para defender seus ideais.
Llueve, de Magali Rocha Donnadieu e Carolina Corral Paredes (México), sobre os desaparecidos políticos de Tetelcingo no México e a busca de seus familiares para encontrar seus corpos e dar um enterro adequado. Na chuva, o personagem Oliver envia um sinal para a sua mãe para que ela o ajude a desenterrar a verdade.
L'énigme de Faïna, de Durna Safarova (Azerbaijão), conta sobre Faïna, uma mulher de 33 anos do Azerbaijão que morre em condições suspeitas numa prisão em 2007. Silenciada pelas autoridades e esquecida pela sociedade. A primeira mulher prisioneira política a morrer na prisão no Azerbaijão tem reverenciada neste filme a sua história de luta por liberdade, justiça e democracia.
Modern History of Russia, de Tanya Polianska (Ucrânia), a animação contemporânea traz um conto curtíssimo sobre um livro de história singular, escrito com apenas uma das letras do alfabeto. O curta é uma breve mas contundente crítica à Vladimir Putin.
Once There Was a Sea, de Joanna Kozuch (Polônia/Eslováquia), sobre o esvaziamento do Mar Aral no Uzbequistão, que assombra os habitantes da pequena cidade de Uzbek. Um filme sobre decisões humanas e suas graves consequências na sociedade.
Serviço:
ANIMAGE – 12º Festival Internacional de Animação de Pernambuco
Data: 15 a 20 de novembro 2022
Onde: Teatro do Parque (R$ 5,00 para todos), Cinema da Fundação Derby (R$ 5,00 para todos) e Cinema da UFPE (gratuito, retirada no local). Ingressos pagos pelo Sympla a partir de 8 de novembro ou nos locais.
Acesse: https://www.animagefestival.com/, nas redes https://www.instagram.com/animagefestival/