CIÊNCIA

Potência asiática vai criar “gêmeos digitais” de humanos para testar medicamentos e terapias

Em uma megainstalação de até 50.000 m², modelos de inteligência artificial devem ser capazes de "decifrar o código genético" dos humanos para propósitos científicos; entenda

Centro de pesquisas da Academia Chinesa de Ciências - ilustrativo.Créditos: divulgação
Escrito en TECNOLOGIA el

Uma iniciativa da Academia Chinesa de Ciências deve revolucionar a realização de tratamentos médicos e a testagem de medicamentos, especialmente no campo da tecnologia celular: uma megainstalação do Instituto de Biomedicina e Saúde, a ser construída na província de Guangdong, no sudeste do país, vai se dedicar a "decifrar o código genético" das pessoas a fim de construir uma espécie de "organismo gêmeo" digital auxiliado por sistemas de inteligência artificial

Esse organismo gêmeo, simulado por IA, serviria para mapear a evolução celular de um indivíduo ao longo de sua vida, com a construção de uma fisiologia idêntica, bem como de suas dinâmicas internas, para ajudar no tratamento de doenças, em tecnologias para barrar a ação do envelhecimento e, principalmente, na testagem de novos medicamentos, o que pode abrir novas fronteiras de pesquisa e desenvolvimento farmacêutico. 

Em entrevista ao veículo Sicence and Technology Daily, o vice-diretor do Instituto de Biomedicina e engenheiro-chefe da instalação, Sun Fei, disse que a "árvore genealógica celular" feita a partir de modelos complexos e IA deve rastrear "o percurso de cada célula [de um indivíduo], desde sua origem até seu estado atual". 

Hoje, iniciativas similares já existem nos mais avançados centros de ciência e tecnologia do mundo, e farmacêuticas trabalham em soluções com inteligência artificial para viabilizar a testagem de novas terapias, inclusive no tratamento de variados cânceres. Com a técnica da imunoterapia, por exemplo, o tratamento que estimula o próprio sistema imunológico do indivíduo afetado a combater o câncer, as IAs são utilizadas para prever as respostas do organismo aos estímulos terapêuticos — para isso, grandes volumes de dados são filtrados com algoritmos a fim de identificar os biomarcadores preditivos que possam adiantar a resposta do organismo à terapia. 

Os focos principais de estudo das linhagens celulares digitais serão o combate a doenças e ao envelhecimento e o desenvolvimento de novos medicamentos e tratamentos, além do "armazenamento de bioespécimes, análise de imagens em várias escalas e criação de perfis multiômicos [que integram diferentes camadas de dados biológicos para entener melhor o funcionamento celular e sua resposta a medicamentos, a exemplo da imunoterapia]", informa o Global Times.         

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