Veículos de mídia chineses comunicaram que o governo da China autorizou, em 2025, a construção de uma plataforma submarina de pesquisa similar à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), mas posicionada mais de dois mil metros abaixo da superfície do mar.
O projeto, que toma lugar em Guangzhou, capital da província de Guangdong, faz parte de uma iniciativa de pesquisa marinha do Instituto de Oceanologia do Mar do Sul da China, lançado pela Academia de Ciências chinesa.
Te podría interesar
Ele deve combinar um laboratório no subsolo do oceano profundo com sistemas de simulação em terra e um design híbrido, que permita estudos de precisão a longo prazo dos "ecossistemas de infiltração fria", ambientes subterrâneos em que água fria se infiltra lentamente, criando condições para o desenvolvimento da biodiversidade — que podem ocorrer em cavernas, aquíferos, lençóis freáticos e zonas de solo permafrost.
Esses ecossistemas costumam manter-se a temperaturas mais baixas do que a superfície, o que permite a formação de micro-habitats e de nutrientes orgânicos capazes de garantir o surgimento de biodiversidade adaptada à pouca luz e à baixa disponibilidade de oxigênio.
Te podría interesar
Um dos objetivos da estação é entender melhor o ciclo de carbono terrestre em ambientes extremos, além de desenvolver métodos para a "extração segura de recursos", como os hidratos de metano — moléculas de metano presas em estruturas cristalinas que se desenvolvem em ambientes de alta pressão e baixas temperaturas, especialmente depósitos marinhos profundos.
Os hidratos de metano são estratégicos por seu potencial como fonte de energia alternativa, porque têm grande quantidade de gás natural — embora sejam, também, um dos principais gases do efeito estufa, mais potente que o CO2. Sua liberação súbita pode, além disso, ocasionar desastres ambientais, como deslizamentos submarinos e a formação de tsunamis.
"Não é só sobre ciência, é sobre traduzir descobertas em avanços industriais", afirmou o líder do projeto, Li Chaolun, diretor do Instituto de Oceanologia do Mar do Sul da China, a veículos locais.
O projeto deve ser composto por quatro fases totais de construção, e a primeira delas, que se inicia em 2025, consiste na implantação de estruturas resistentes às altas pressões do fundo do oceano, que devem abrigar os laboratórios de pesquisa da estação.
A fase operacional da obra está prevista apenas para 2030, quando novos equipamentos off-shore (como sistemas de monitoramento para o vazamento de metano e os módulos de suporte de oxigênio para auxiliar as equipes de trabalho submarino) começarão a ser testados, a fim de garantir que "as novas tecnologias podem funcionar em ambientes extremos".
O centro de pesquisa deve se concentrar em três desafios principais: estudar a evolução dos ecossistemas de infiltração fria, entender como os organismos se adaptam a condições extremas, e avaliar como o metano interage com esses ambientes marinhos. As descobertas devem servir ao desenvolvimento de novas políticas climáticas mais eficientes e ao avanço da extração energética em águas profundas.