Novas observações do Instrumento Espectroscópico de Energia Escura (DESI), localizado no Observatório Nacional de Kitt Peak, no Arizona, que mede o efeito da energia escura na expansão do universo a partir de espectros ópticos de galáxias, sugerem que "a energia escura está enfraquecendo", afirma Alexie Leauthaud-Harnett, o porta-voz da instalação que existe em até 70 instituições em todo o mundo.
A energia escura é uma forma de energia ainda misteriosa para a ciência, mas sabe-se que é ela a responsável por impulsionar a aceleração do processo expansivo do universo. Suas propriedades específicas são muito diferentes daquelas que compõem a matéria ou a radiação.
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Ela exerce uma espécie de "pressão negativa" sobre o tecido do espaço-tempo, que faz com que, diferente da gravitação da matéria, ele se expanda de forma acelerada ao invés de se comprimir.
Acredita-se que a matéria escura represente cerca de 68% do universo, e que ela passou a exercer sobre ele a função "expansiva" há mais ou menos 5 bilhões de anos. É o que dão a entender os fenômenos observados em supernovas distantes, que provavam que as galáxias estavam se afastando umas das outras a um ritmo cada vez mais rápido.
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O universo em expansão é uma das ideias centrais da cosmologia moderna, introduzida principalmente por Albert Einstein, com a sua teoria da relatividade geral. O conceito diz, de forma simplificada, que o universo não é estático, mas se expande constantemente através do afastamento das galáxias, que ocorre numa velocidade proporcional à sua distância (a Lei de Hubble).
Agora, as recentes observações do DESI mostraram, a partir de dados obtidos de 15 milhões de galáxias e quasares — núcleos de galáxias distantes alimentados por buracos negros supermassivos —, que a energia escura pode estar "enfraquecendo" ao longo do tempo.
Isto é, quando os dados cosmológicos das observações recentes foram combinados aos anteriores, com a análise das distâncias relativas das galáxias, entendeu-se que a taxa de expansão — ou seja, de distanciamento — das galáxias estava levemente menor em relação àquela observada anteriormente, cuja idade estava datada de até sete bilhões de anos atrás no universo.
Isso significa que talvez a matéria escura esteja desacelerando a expansão do universo aos poucos a partir de sua "diminuição".
Caso essa suspeita seja comprovada, o que deve acontecer "em até cinco anos", conforme as observações avançarem com novos dados combinados entre o DESI, o telescópio europeu Euclid, o Nancy Grace Roman, da NASA, e o Observatório Vera Rubin, no Chile, será preciso "reformular o modelo cosmológico atual", que ainda acredita na matéria escura como uma constante, dizem os especialistas.