ASTRONOMIA

Cientistas revelam origem de pulsos misteriosos emitidos no interior da Via Láctea

Observados entre 2015 e 2020, os pulsos ocorriam em um "fluxo consistente", em frequências de 120 a 168 MHz, e pareciam vir do interior da Via Láctea

Estrela-anã branca.Créditos: NASA
Escrito en TECNOLOGIA el

Um artigo publicado na última quarta-feira (12) no periódico Nature Astronomy, liderado por cientistas de instituições norte-americanas e europeias, esclarece a natureza de um mistério astronômico de longa data: a emissão de pulsos de rádio oriundos "de dentro" da Via Láctea, galáxia espiral que envolve nosso Sistema Solar.

Os pulsos de rádio capturados pelas observações telescópicas eram intermitentes e quase ritmados, remetendo a uma espécie de batimento cardíaco. Eles duravam cerca de 30 a 90 segundos, e, de acordo com análises que consideravam seus tempos de chegada para determinar uma "solução conectada e em fases", tinham um ciclo de trabalho de 2% — o correspondente ao seu tempo total da emissão (0,02 segundos) —, e sua fonte parecia "intrinsecamente variável em natureza". 

De 26 períodos observados pelos pesquisadores, o pulso de rádio misterioso foi detectado em pelo menos 7 deles.

"Os pulsos foram observados de 2015 a 2020", conta o estudo; eles ocorriam em um fluxo consistente, a frequências que variavam de 120 a 168 MHz.

Esses pulsos pareciam estar vindo da constelação Ursa Maior, uma das mais famosas do hemisfério celestial norte, cujas estrelas mais brilhantes aparecem no céu a olho nu em formato que se assemelha ao de um urso. 

De acordo com os pesquisadores, que utilizaram observações do Low-Frequency Array Telescope (LOFAR), rede de radiotelescópios espalhada pela Europa, os pulsos são emitidos, na verdade, por uma estrela anã branca e já morta, que orbita a região próxima a outra estrela anã vermelha

Esses pulsos são emitidos, aparentemente, pela interação entre os campos magnéticos dos dois corpos celestes, catalogados como ILTJ1101, cujas órbitas estão tão próximas que são capazes de gerar pulsos de rádio de longo período (LPT, na sigla em inglês), caracterizados por terem longa duração e uma periodicidade irregular.

Os Long-Period Transients costumam ser emitidos por estrelas de nêutrons magnetizadas (após sua explosão), remanescentes de estrelas supernovas e até buracos negros.

As observações feitas a partir de telescópios instalados nos Estados Unidos, no Arizona (Observatório MMT) e no Texas (Observatório McDonald), mostraram que a estrela anã associada aos pulsos se movia para frente e para trás, alternando os movimentos entre um período de duas horas que correspondiam à emissão dos pulsos de rádio.

Esse movimento era causado pela função da gravidade da outra estrela, sua vizinha, que a "puxava" para perto e afastava para longe — era a pequena estrela branca, localizada a 1.600 anos-luz da Terra. 

Os motivos para as emissões podem ser variados, diz o estudo: desde um campo magnético poderoso a envolver a estrela anã branca até a própria interação entre ambas as estrelas vizinhas.

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