De acordo com um relatório da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, é importante que o futuro da aviação envolva viagens aéreas de mais longa duração — pelo menos 15% mais lentas do que são atualmente, indica o documento.
Isso significaria, aproximadamente, uma hora adicional em cada voo, de acordo com o jornal The Independent.
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Essa redução na velocidade e seu consequente aumento no tempo de voo significaria, de maneira um pouco contraintuitiva, melhores resultados ambientais — apesar de voar por mais tempo, aviões mais lentos têm uma menor queima de combustível.
Para seguir as metas sustentáveis definidas pelo acordo climático, que pretendem zerar a emissão de gases do efeito estufa (GEEs) até 2050, é preciso adaptar algumas coisas no setor aéreo; dentre elas, a velocidade dos voos atuais.
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Apesar da recente sinalização de que o futuro da aviação pode envolver voos supersônicos, marcada pelo teste de voo de um jato comercial capaz de voar a velocidades maiores que 1.253 km/h, isto é, de romper a barreira do som — realizado pelo XB-1, da empresa Boom Supersonic, no final de janeiro —, o que os pesquisadores de Cambridge querem vai na direção oposta: reduzir as velocidades para reduzir a queima de combustíveis.
Mas nem tudo é preto no branco: um dos projetos da Bloom Supersonic é construir um modelo de jato supersônico, o Overture, movido 100% a partir de combustíveis sustentáveis de aviação (os SAF, na sigla em inglês). A empresa quer produzir até 66 desses aviões por ano a partir de 2030.
De acordo com o relatório "Cinco anos para planejar um novo futuro da aviação", da Universidade de Cambridge, publicado em setembro de 2024, as metas determinadas para a aviação até 2030 incluem a implementação dos SAF, mas também a redução do impacto climático da aviação em até 40% de seu volume atual.
Cerca de 2,4% de todas as emissões globais de dióxido de carbono (CO2) vêm do setor aéreo, cujo impacto na qualidade do ar causa até 16 mil mortes por ano. Um voo internacional que vá do Rio de Janeiro a Chicago pode emitir até 5,5 toneladas de CO2 por pessoa na atmosfera, informa a BBC.
Por outro lado, se os aviões comerciais adotassem a sugestão de Cambridge e aumentasse em cerca de 50 minuto seus tempos de viagem — isto é, reduzissem ativamente sua velocidade —, a quantidade de CO2 emitida poderia ser reduzida pela metade até 2050, e a queima de combustível cairia de 5% a 7% em cada voo.
Os voos mais longos poderiam, além disso, ser uma oportunidade para "aeroportos mais organizados" e "menos atrasos", indica o relatório. A aviação está experimentando seu ápice, dizem especialistas — similar ao momento atravessado pela indústria automotiva no começo dos anos 2000, de acordo com Rob Miller, professor do Laboratório Whittle da Universidade de Cambridge.
Isso significa que os desafios atuais — entre comportar a demanda do setor aéreo, levar em frente inovações técnicas e, ao mesmo tempo, garantir a segurança como fundamento primário — são grandes, e o aumento dos acidentes e incidentes reportados desde o começo deste ano (que atingiram a média de um a cada dois dias) comprovam essa expectativa.
Em 2024, diversos problemas técnicos e estruturais avistados em aeronaves produzidas pela Boeing, a maior fabricante norte-americana, deixaram o cenário ainda mais caótico, e induziram as preocupações de 2025.