DIREITOS DIGITAIS

75 organizações assinam manifesto contra Meta: “Não pode ser visto como mero ajuste de políticas"

Coalizão Direitos na Rede afirma que big tech contraria esforços de regulamentação das plataformas digitais no mundo

Marck Zuckerberg, CEO da Meta, controladora do Facebook e do Instagram..Créditos: Facebook/Reprodução
Escrito en TECNOLOGIA el

Um manifesto publicado pela Coalizão Direitos na Rede, representada por diversas organizações pelos direitos digitais, se opõe às reformas nas diretrizes de moderação da Meta, dona do Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp, anunciadas pelo próprio dono da empresa, Mark Zuckerberg. A principal mudança é o cancelamento da ferramenta de checagem de fatos, que, segundo especialistas, aumenta a proliferação da desinformação e do discurso de ódio.

O documento "Contra o Retrocesso na Moderação de Conteúdo da Meta e os Ataques à Regulação Democrática do Espaço Digital" divulgado nesta quarta-feira (8) e assinado por 75 entidades destaca: “Sob o pretexto de ‘restaurar a liberdade de expressão’, as propostas delineadas não apenas colocam em risco grupos vulnerabilizados que usam esses serviços, mas também enfraquecem anos de esforços globais para promover um espaço digital um pouco mais seguro, inclusivo e democrático'."

“Este é um momento crucial. O futuro do espaço digital depende de nossa capacidade coletiva de resistir a retrocessos e avançar em direção a uma governança digital centrada nas pessoas no planeta”, destacam as organizações.

O documento completo pode ser lido ao final da matéria.

De acordo com as organizações, a posição adotada pela Meta “se alinha com uma retórica preocupante que afronta iniciativas regulatórias legítimas e necessárias de governos e da sociedade civil em diversas partes do mundo, incluindo a América Latina, generalizando essas ações como ‘censura’ ou ‘ataques a empresas estadunidenses’”.

O documento ainda ressalta que o anúncio de Zuckerberg exemplifica “um problema estrutural: a concentração de poder nas mãos de corporações que atuam como árbitros do espaço público digital, enquanto ignoram as consequências de suas decisões para bilhões de usuários”, sobre o alinhamento de interesses com o governo de Donald Trump.

Em reportagem divulgada pela Fórum nesta quinta (9), o deputado Alencar Santana, que vai chamar o representante da Meta à Câmara para fornecer esclarecimentos, reforçou que as redes não são vale tudo e o Brasil não é terra sem lei.

“É preciso avançar bastante na regulação das plataformas para que não haja qualquer zona cinzenta que deixe margem para abusos”, destacou à reportagem.

“O que o Zuckerberg diz ao falar que defende a liberdade de expressão, na verdade, é defender o poder de quem é capaz de monetizar, impulsionar os seus conteúdos e basicamente colocar o discurso necessário à luta pelo poder. Então, esse discurso não tem nada a ver com a realidade, mas com os interesses políticos”, afirmou também em entrevista à Fórum o sociólogo Sérgio Amadeu, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) e um dos maiores especialistas em redes digitais do país.

Leia a reportagem completa: A Meta é desinformar: as contradições de Zuckerberg, a economia da atenção e a ditadura do capital

 

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar