O golpe é ao mesmo tempo fantástico e inimaginável até outro dia. Michael Smith, de 52 anos, da Carolina do Norte (EUA), criou através da Inteligência Artificial (IA), ao longo de sete anos, centenas de milhares de músicas com bandas falsas. Ao mesmo tempo, fez bots – disparos automatizados através de um programa – e, com isto, faturou mais de US$ 10 milhões em royalties.
Por conta da engenhosa operação, Smith acabou preso pelo Departamento de Justiça dos EUA. Ele foi indiciado por três acusações que envolvem lavagem de dinheiro e fraude eletrônica, o que pode render a ele uma pena máxima de 20 anos por acusação.
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Uma das evidências contra Smith é um email a um dos comparsas que usou prara realizar a fraude:
"Precisamos obter uma TONELADA de músicas rápido, para fazer isso funcionar em torno das políticas antifraude que esses caras estão usando agora", escreveu.
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Milhares de músicas
A empresa de música de IA que colaborou com o golpe, e que até o momento não foi identificada, começou a fornecer a ele "milhares de músicas" semanalmente. Smith, por sua vez, usou a automação para gerar inúmeras audições para as músicas ruins.
"Tenha em mente o que estamos fazendo musicalmente aqui", escreveu o CEO em um e-mail para o réu que o DJ divulgou, "isso não é 'música', é 'música instantânea' ;)."
O sistema de Smith não usou nenhum aspecto humano. Ele lançou mão de endereços de e-mail que comprou online para criar milhares de contas de streaming falsas. Ele manteve até dez mil perfis falsos. Para configurar as contas ele contratou várias pessoas. Segundo seus cálculos, ele poderia ganhar U$ 3.307,20/dia e até $ 1,2 milhão anualmente tendo suas músicas transmitidas 661.440 vezes/dia, em uma previsão financeira feita em 2017.
Nomes estranhos
As músicas que a empresa de IA enviava a Smith tinham nomes de arquivo cheios de números e letras aleatórios, como "n_7a2b2d74-1621-4385-895d-b1e4af78d860.mp3".
Ao subirem para plataformas de streaming, como Amazon Music, Apple Music, Spotify e YouTube Music, o homem então mudava os nomes das músicas para palavras como "Zygotes", "Zygotic" e "Zyme Bedewing", e coisas do gênero.
Os “autores” das músicas seguiam o mesmo padrão e eram batizados com nomes como "Calvin Mann”, "Calorie Event", "Calms Scorching" e "Calypso Xored".
Bots
As transmissões dessas músicas falsas foram feitas através de bots capazes de serem reproduzidas bilhões de vezes sem que nenhuma pessoa real as ouvisse. Consequentemente, os fluxos desses bots eram convertidos em pagamentos de royalties para as pessoas por trás deles.
Aos ser perguntado pelo New York Times sobre as fraudes e manipulações das plataformas de streaming, Smith respondeu de maneira cínica e revoltada:
"Isso é absolutamente errado e louco! Não há absolutamente nenhuma fraude acontecendo! Como posso apelar disso?"
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