ENERGIA NUCLEAR

O enorme “cemitério nuclear” enterrado em uma ilha nórdica

Com 450 metros de profundidade, este é o primeiro depósito nuclear do mundo

Vila na Finlândia.Créditos: Pixabay
Escrito en TECNOLOGIA el

A ilha de Olkiluoto, no sudoeste da Finlândia, abriga, a 450 metros de profundidade, o primeiro depósito para o armazenamento de combustível nuclear "usado" do mundo.

É um projeto estranho, denominado de "Onkalo", palavra finlandesa que quer dizer "caverna" ou "vazio". 

Ali na ilha, cercadas por uma vegetação típica das regiões nórdicas, densa e repleta de pinheiros altos, ficam localizadas as bases de um grande empreendimento industrial: uma das maiores usinas de energia nuclear do país, Olkiluoto 3, inaugurada em 2022.

O reator nuclear da usina, operado pela empresa Teollisuuden Voima, pretendia se ocupar de até 14% da demanda energética da Finlândia, reduzindo a necessidade de importações e a dependência energética — em especial da Rússia, da Suécia e da Noruega.

No total, a ilha abriga três reatores nucleares, que, junto a outros dois localizados na costa sul do Finlândia, devem ser capazes de atender a 33% de toda a demanda energética do país.

O “cemitério de combustível” nuclear enterrado ali foi uma solução para o descarte de resíduos da ilha, e custou aproximadamente um bilhão de euros (o equivalente a cerca de R$ 5,5 bilhões). 

Iniciativa vista com bons olhos pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), é considerada uma solução revolucionária para um grande problema energético: a segurança na operação de fontes nucleares, e o controle correto dos perigos oferecidos pela radiação.

De acordo com a AIEA, pelo menos 70% dos resíduos nucleares são postos em grandes "piscinas de armazenamento" ou em contêineres de concreto chamados de "cápsulas secas".

Em Onkalo, por outro lado, os resíduos considerados de alto nível radioativo podem permanecer abaixo do leito rochoso, isolados da biosfera e da superfície, seguros e protegidos por três camadas de barreiras: primeiro, cápsulas de cobre; depois, argila de bentonita; e então as próprias características geofísicas do leito rochoso, como narra um artigo da BBC.

Os resíduos são armazenados no repositório, enterrados e então encapsulados a 450 metros de profundidade, selados com concreto, e ficam ali durante todo o seu "ciclo de vida" residual. 

Além disso, fenômenos como a corrosão do solo ou a presença de gelo e degelo não são riscos à instalação, que suporta um volume de até três quilômetros de gelo e foi projetado para não ceder a atividades sísmicas. 

Onkalo tem sido visto como um marco tecnológico e uma solução inovadora para o descarte de resíduos, principalmente com a intensificação da transição energética estimulada globalmente, que deve levar a novos projetos de exploração da energia nuclear nos próximos anos. 

Países vizinhos já olham para a evolução com interesse, apesar de soluções com energia nuclear permanecerem de alto custo e demandarem um longo período de implementação.

 

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