O maior telescópio do mundo está sendo construído em uma montanha do Atacama, no Chile.
A construção do Extremely Large Telescope (ELT), o "telescópio extremamente grande", em tradução livre, foi iniciada em 2017, quando a primeira pedra foi posicionada, na cerimônia de abertura aos trabalhos, sobre o topo da montanha Cerro Armazones, na Cordilheira dos Andes.
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A montanha foi a escolhida para o projeto de proporções surpreendentes por sua localização privilegiada para observações astronômicas — lá, o "céu limpo" predomina, e pode ser até 89% livre de nuvens.
O ELT é parte de um programa do Observatório Europeu do Sul (ESO), com um orçamento estimado de até 1,3 bilhão de euros, e deve ser capaz de identificar planetas terrestres em zonas habitáveis de estrelas e outras formações de características físicas relevantes.
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O topo do Cerro Armazones teve de passar por demolições para o nivelamento do seu solo — pelo menos 18 metros foram retirados de sua altura original, a mais de três mil metros acima do mar, para que ele fosse capaz de receber o telescópio gigante.
O espelho elíptico primário do ELT, responsável por captar a luz de objetos distantes e refleti-la em direção ao ponto focal, onde a imagem pode ser ampliada e observada, mede 39 metros. Ele é composto por 798 segmentos hexagonais, cada um deles a medir mais de um metro de altura.
Sua construção tem integrado a mão de obra de diversas companhias, como a empresa alemã de óptica, Schott, que produziu os 949 segmentos totais do telescópio, finalizados em junho de 2024; e a francesa Sfran Reosc, que poliu esses segmentos com uma incrível precisão de 10 nanômetros, menos de um milésimo da largura de um fio de cabelo humano.
A alta tecnologia, combinada com as grandes proporções desse telescópio, que conta com o maior espelho óptico adaptativo já construído (que corrige distorções atmosféricas e permite obter imagens mais nítidas e detalhadas, superando as turbulências atmosféricas da Terra), fazem-no capaz de enxergar a luz de galáxias distantes, nebulosas e até exoplanetas.
Metade da construção do ELT foi concluída em 2023. Espera-se que ele capte até 15 vezes mais luz do que o Gran Telescópio Canarias (GTC), instalado nas Ilhas Canárias, na Espanha, e um dos maiores telescópios ópticos e infravermelhos do mundo. O espelho primário do GTC mede 10,4 metros (em comparação aos 39 metros do ELT).
o ELT ainda deve "superar", na qualidade das imagens obtidas, o telescópio Hubble, da agência espacial norte-americana (Nasa), localizado na órbita baixa Terra.
"O diâmetro do espelho do ELT é definido pelos seus principais fatores científicos: obter imagens diretas de exoplanetas terrestres, caracterizar a sua atmosfera e medir a expansão do universo, que está a ser acelerada pela energia escura", informa a revista Space.
O ELT deve se ocupar, principalmente, de observações do sistema solar, da identificação de exoplanetas e buracos negros, galáxias e estrelas, além da presença de matéria escura no universo.
Em julho de 2024, o último segmento do espelho primário do telescópio foi entregue pela fabricante alemã, e agora o cronograma de instalação se segue até 2027, quando deve ser finalizada a instalação de seus outros segmentos espelhados. Espera-se que a primeira captação oficial de luz a partir do ELT seja feita em 2028, após os devidos testes de calibração e verificação desse enorme aparato.