ÍNDIA

Aproximação entre Brasil e potência nuclear pode levar à aquisição de mísseis supersônicos

Parceria estratégica entre Brasil e um aliado do BRICS visa a modernização dos sistemas de defesa da FAB e da Marinha

Mísseis de cruzeiro BrahMos.Créditos: Open Source
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Durante os encontros do G20, ocorridos no Rio de Janeiro entre os dias 18 e 19 de novembro, os laços entre Brasil e Índia voltaram a ser fortalecidos com o anúncio de mais uma cooperação estratégica em tecnologias de defesa.

De acordo com fontes militares, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, teria indicado que Brasil e Índia — que já estão desenvolvendo acordos para a troca de caças indianos HAL Tejas MK-1A pela nova joia da Embraer, o C-390 Millennium — podem estar prestes a firmar também um acordo para a aquisição, por parte do Brasil, de mísseis BrahMos NG

Caso adquirido, o BrahMos NG serviria para equipar os caças Gripen da Força Aérea, frutos de um acordo comercial com a sueca SAAB, e os submarinos Riachuelo da Marinha do Brasil.  

A Índia, que já é um dos mercados em potencial mais bem avaliados para o C-390, também poderia fornecer para o Brasil seus mísseis antiaéreos Akash, cuja negociação começou a ser delineada por volta de abril  de 2024.

De acordo com uma declaração de Tomás Paiva, comandante do Exército brasileiro, durante uma audiência na Comissão das Relações Exteriores e Defesa Nacional ocorrida em 17 de abril, os mísseis Akash estariam sendo considerados para superar a “falta de um sistema de defesa antiaéreo” brasileiro. 

A negociação envolveria, assim, a troca dos C-390 pelos mísseis Akash

Já a especulação recente gira em torno do BrahMos, míssil de longo alcance capaz de ser lançado de várias bases, desenvolvido a partir de uma joint venture entre Rússia e Índia — uma aquisição ousada que estaria sendo avaliada pela Marinha do Brasil tendo em vista seus submarinos das classes Riachuelo e Scòrpene. 

Os submarinos da classe Riachuelo, adaptados do Scorpène francês para atender às necessidades brasileiras, foram usados pela primeira vez em 2018 e oficialmente incorporados à Marinha em 2022. São um avanço significativo na capacidade de defesa do país, principalmente com sua atuação na região da Amazônia Azul. Eles têm 71,6 metros de comprimento, uma velocidade de 20 nós e podem operar a até 300 metros de profundidade.

Além disso, têm capacidade de carregar até 8 mísseis anti navio SM 39 Exocet e MANSUP, projetos para neutralizar alvos navais.

A cooperação em defesa marítima entre Índia e Brasil tem sido nutrida nos últimos meses: em 2024, com a visita do Comandante da Marinha Brasileira, Almirante Olsen, à Índia, houve um desejo expresso de colaborar com o país em questões de segurança marítima, bem como na manutenção regular conjunta da frota do Scòrpene.

O BrahMos NG, míssil de cruzeiro da parceria Índia - Rússia ("Brah" vem de Brahmaputra, o rio indiano, e "Mos", da capital russa, Moscou), é uma versão de nova geração dos mísseis, mais leve e compacta e ideal para lançamento de plataformas menores, como submarinos e pequenos aviões. Atinge a velocidade hipersônica Mach 3 (aproximadamente 3.700 km/h) e alcança até 290 km — está, portanto, dentro do limite estabelecido pelo Tratado de Não Proliferação de Mísseis.

Ele pode, ademais, carregar ogivas de até 300 kg, e voar a baixas altitudes, o que torna mais difícil a sua detecção por radares.

Em fevereiro de 2024, a Embraer e a Mahindra Defence Systems, empresa indiana de defesa, assinaram um memorando para a aquisição do C-390 Millennium para o programa das Forças Aéreas indianas de aquisição de aeronaves de porte médio. 

Na ocasião, o Brasil demonstrou seu interesse pela obtenção do sistema de mísseis indianos Akash de distâncias médias, com um alcance de até 30 km e capaz de interceptar alvos em altitudes de até 20 mil metros. 

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