O C-390 Millennium, cargueiro militar que tem sido uma das joias da Embraer há quase 20 anos, quando começou a ser desenvolvido, vem disputando um mercado inovador cujo prêmio pode ser de até R$ 300 bilhões.
Desenvolvido para substituir o modelo C-130, da fabricante norte-americana Lockheed Martin, o C-390 da Embraer, sediada em São José dos Campos, teve um investimento inicial de R$ 22 bilhões, com um faturamento estimado em até 13 vezes esse valor (cerca de R$ 300 bilhões) com as aquisições esperadas nos próximos anos.
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Recentes movimentações da Embraer em setores internacionais estratégicos de aviação defensiva, como a Arábia Saudita e a Índia, considerados dois dos principais mercados para o cargueiro, devem significar contratos maiores do que os já avistados até agora, travados ao longo dos últimos meses com potências da União Europeia e membros da OTAN (como Holanda, Portugal, Áustria, Suécia e Hungria), além da Coreia do Sul.
México e Estados Unidos também são considerados mercados potenciais para o modelo, que se consolida como uma importante atualização dos Hércules (os C-130), aeronaves já obsoletas que conquistaram as forças aéreas de pelo menos 64 países desde 1954.
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O C-130 Hércules foi incorporado, em 1964, pela FAB (Força Aérea Brasileira), para ser utilizado em missões de transporte, ajuda humanitária e apoio logístico, como transporte de tropas de cargas, operações de busca e salvamento, combate a incêndios e exercícios de reabastecimento aéreo.
Em 2024, no entanto, foi oficialmente aposentado pela nova "joia" da Embraer, o C-390 Millennium, após 59 anos de operação. A FAB foi a primeira a testar o modelo, em 2019.
O Millennium se destaca por ser, como o modelo que quer substituir, versátil e de fácil operação, mas com um desempenho superior.
Sua capacidade está estimada em até 26 mil kg de carga útil, incluindo veículos blindados e contêineres. A estrutura interna acomoda até 80 soldados, e sua velocidade alcança o marco de cruzeiro (de 470 nós, ou 870 km/h) com alcance de até 5.200 km carregando o máximo de peso.
Além disso, sua tecnologia avançada, com equipamentos modernos e sistemas fly-by-wire, fazem com que seja mais seguro e garanta uma eficiência operacional superior.
Em julho de 2024, o modelo foi empregado pela FAB no combate aos incêndios do Pantanal, que se espalharam por mais de 700 mil hectares, com capacidade de armazenamento de até 12 mil litros de água.
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Foi utilizado, além disso, durante as enchentes do Rio Grande do Sul, em operações de resgate de pessoas ilhadas e para o transporte de recursos.
Em novembro de 2024, a Suécia adquiriu o modelo como sua principal aeronave de transporte tático, seguindo a tendência de ainda outros países da OTAN e da União Europeia, como a República Tcheca, Portugal e Holanda.
As aeronaves são entregues no “padrão da OTAN” — que, determinado por meio do STANAG 3150 (acordo de padronização 3150), estabelece critérios de operação conjunta para os países membros da Aliança, em áreas como identificação, comunicação e designação das aeronaves, além de contarem com sistemas padrão de armamento e logística.
A parceria com a Arábia Saudita, por meio da Saudi Arabian Military Industries (SAMI), e com a Índia, com a Força Aérea Indiana, podem garantir encomendas de até 100 aeronaves do modelo, em um prazo de "dois a quatro anos", acordo com Francisco Gomes Neto, presidente da Embraer.