Em meio às rusgas com Elon Musk, que expandiu seus negócios no Brasil durante a gestão Jair Bolsonaro (PL), o governo Lula fechou um grande acordo com a China que, aos poucos, deve por fim aos contratos firmados com a Starlink, empresa do bilionário apoiador de Donald Trump que fornece internet em locais mais distantes dos grandes centros, especialmente para as Forças Armadas.
Antes de Lula receber Xi Jinping, com quem passará toda esta quarta-feira (20) em agenda oficial, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, firmou uma série de memorandos com a Administração Nacional de Dados da China e a empresa chinesa SpaceSail, concorrente direta da Starlink.
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“O desafio é levar a relação bilateral a um novo patamar, que conecte nossas agendas para além dos aspectos comerciais, como a transição energética, a conectividade, o desenvolvimento industrial e o crescimento inclusivo e sustentável. Com estes acordos, queremos que os dois governos atuem para construir cidades cada vez mais inteligentes, melhore a infraestrutura de telecomunicações e ajudem a superar as desigualdades sociais”, disse o ministro.
Segundo o governo brasileiro, a SpaceSail está desenvolvendo um serviço de internet de alta velocidade por meio de um sistema de satélites de órbita baixa da Terra (LEO, na sigla em inglês). O memorando de entendimento assinado com a Telebras prevê que as empresas estudem a demanda por internet via satélite em locais que a infraestrutura de fibra óptica não chega, como áreas rurais, e a possibilidade de parcerias para levar inclusão digital a essas localidades.
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Com isso, o Brasil dividirá a tecnologia com a China para substituir a internet nos locais mais longínquos, hoje dominado pela Starlink, de Musk.
“Nosso memorando representa uma parceria e um compromisso compartilhado em empoderar o Brasil e iniciativas nacionais com nossas soluções digitais. Vamos contribuir com a missão do Brasil de ter uma economia digital inclusiva”, afirmou Jie Zheng, presidente da SpaceSail.
SpaceSail
A SpaceSail é uma empresa privada chinesa sediada em Xangai e atua no mercado de internet banda larga provido por satélites de órbita baixa. Atualmente, a companhia conta com 36 satélites, mas seus planos incluem o lançamento de até 15 mil até 2030. A título de comparação, estima-se que a Starlink tenha 6 mil.
O projeto foi lançado pela empresa em parceria com o governo chinês em 2023 justamente para fazer frente ao monopólio que vinha sendo construído por Musk.
O primeiro lançamento de satélites aconteceu em 9 de agosto deste ano, quando 18 LEOs (satélites de órbita baixa), cada um pesando 300 kg, foram colocados em órbita a partir do Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan, na Província de Shanxi, norte da China.
O objetivo do memorando assinado entre o Ministério das Comunicações e a Administração Nacional de Dados da China é o desenvolvimento de infraestrutura digital e inovação tecnológica, além do fortalecimento da indústria digital.
O órgão chinês tem a responsabilidade de criar sistemas e padrões para a economia digital do país. Suas funções incluem integrar, compartilhar, desenvolver e aplicar recursos de dados. A entidade já tem memorandos assinados com Peru, Uruguai, Chile, Paquistão e Vietnã.
Visita oficial
A assinatura aconteceu um dia antes de Xi Jinping aproveitar a viagem ao G20 para fazer a que já é considerada a mais ambiciosa reunião com Lula.
A agenda entre os dois líderes começa às 10h com Lula recebendo Xi no Palácio da Alvorada. Em seguida, eles farão uma reunião particular, que será ampliada, com participação de ministros e autoridades dos dois países.
Os dois presidentes vão oficializar a assinatura de mais de 20 acordos em diferentes áreas, como agricultura, meio ambiente e ciência e tecnologia.
Xi e Lula também participarão de um almoço, no Alvorada, e um jantar, no Itamaraty.