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A lendária foto de buraco negro no centro da Via Láctea está errada, afirma estudo

Astrônomos que investigaram a primeira e única "fotografia" da Sagittarius A* indicam imprecisões na imagem divulgada

Sagittarius A*.Créditos: MIT
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De acordo com um artigo publicado no periódico mensal da Royal Astronomical Society (RAS), a primeira imagem registrada de um buraco negro massivo da Via Láctea, divulgada em maio de 2022, pode não ser tão confiável assim. 

A Sagittarius A* está a 26 mil anos-luz da Terra e tem pelo menos 4,3 milhões de vezes a massa do Sol. Sua primeira "fotografia" foi capturada pelo Event Horizon Telescope (EHT), uma rede de oito radiotelescópios de colaboração internacional localizados em vários pontos ao redor do mundo. 

Em 2019, o EHT foi capaz de observar e capturar a imagem do Messier 87 (M87), um buraco negro a 55 milhões de anos-luz da Terra, que confirmou aspectos da Teoria da Relatividade Geral, de Albert Einstein — uma grande conquista para a astronomia

E, em 2022, a rede de telescópios conseguiu a primeira imagem da Sgr A*, um buraco negro "escondido" por poeira e gás no centro da Via Láctea. 

Na imagem divulgada, a Sgr A* aparece como um anel brilhante e laranja que se projeta em torno de uma sombra central mais escura — um impressionante buraco negro supermassivo, que, no entanto, pode ter sido "mal representado". 

Distorção

De acordo com a Royal Astronomical Society, o anel de gás mostrado na imagem pode ter sido "distorcido" pela forma como os dados usados para formá-la foram analisados e reunidos.

A captura das imagens dos satélites é feita a partir de várias leituras feitas de maneira espalhada pelos radiotelescópios do EHT, que são, então, reunidas como num quebra-cabeça para dar origem à imagem final. 

Estudos apontam que o anel representado da Sgr A* pode ser, na verdade, mais alongado do que a imagem faz parecer, prolongando-se na direção lesta-oeste. Além disso, "a metade leste é mais brilhante do que a metade oeste", diz o autor do estudo, Miyoshi Makoto, do Observatório Astronômico Nacional do Japão (NAOJ). 

A imprecisão da imagem obtida pelo EHT pode ter resultado de "erros durante a análise", que entendeu que parte do anel era um "artefato" em vez de parte da "estrutura astronômica real" do buraco negro.

A análise feita pelos astrônomos do NAOJ indica, agora, que os métodos utilizados para a união dessas leituras podem ter sido equivocados, e novas análises parecem mostrar "um disco mais comprimido que o normal ao longo de seu eixo central" em relação à imagem inicialmente divulgada.