MEDICINA E TECNOLOGIA

Mulher paralisada por AVC encontra voz através de avatar digital e IA; entenda

Avanços na IA permitem que paciente paralisada após AVC se comunique por meio de um avatar digital, renovando sua capacidade de se expressar

Inteligência artificial ajuda mulher a falar novamente.Créditos: Pixabay/DeltaWorks
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Em um avanço científico notável, uma mulher que ficou completamente paralisada após um acidente vascular cerebral conseguiu recuperar a capacidade de se comunicar graças a um implante cerebral inovador. A tecnologia, desenvolvida por uma equipe de médicos e cientistas da Universidade da Califórnia, utiliza sinais cerebrais associados à fala e à linguagem, traduzidos por meio de inteligência artificial, para formar frases coerentes.

Medicina e tecnologia 

Ann Johnson, a protagonista dessa história inspiradora, teve sua vida transformada por essa tecnologia revolucionária. Há dois anos, ela leu sobre um estudo realizado pela equipe da Universidade da Califórnia, que conseguiu decodificar os sinais cerebrais de um paciente com paralisia, permitindo-lhe se comunicar. Movida por essa descoberta, Ann entrou em contato com a equipe médica e científica, abrindo caminho para sua própria jornada de recuperação.

O processo envolveu a implantação de uma placa fina, repleta de eletrodos, na parte interna do crânio de Ann, exatamente nas áreas do cérebro relacionadas ao controle da fala. Esses eletrodos interceptam os sinais cerebrais enviados para os músculos envolvidos na fala, como lábios, língua, mandíbula e laringe, quando uma pessoa tenta falar. Esses sinais são então enviados a um computador, onde um sistema de inteligência artificial decodifica as intenções de fala e as traduz em palavras e frases compreensíveis. Um avatar digital, personalizado por Ann, vocaliza as palavras que ela deseja expressar.

O processo de calibração do sistema envolveu a coleta de cerca de 18 horas de dados de Ann tentando falar, totalizando aproximadamente 9.000 frases. Essas informações foram cruciais para o treinamento da inteligência artificial, que precisou aprender os padrões específicos de sinais cerebrais da paciente.

"Essa conquista incrível é resultado dos avanços no campo do aprendizado de máquina", afirma o neurocirurgião e engenheiro de biomedicina Parag Patil. Ele revisou o estudo da equipe da Universidade da Califórnia a pedido da revista científica Nature e comparou a tecnologia utilizada ao ChatGPT, um modelo de linguagem amplamente conhecido pela sua capacidade de gerar discurso coerente a partir de uma ampla gama de informações.

Futuro promissor 

Os especialistas envolvidos no estudo preveem um futuro ainda mais promissor para essa tecnologia. Eles acreditam que, em um período de 2 a 4 anos, poderão desenvolver uma versão do sistema que não requer cabos conectados diretamente à cabeça do paciente. O neurocirurgião Parag Patil vislumbra um horizonte repleto de avanços nos próximos anos e até mesmo faz previsões ousadas: "Imagine a possibilidade de restaurar a capacidade de caminhar ou de falar para pessoas que perderam essas habilidades. Com os progressos atuais, poderemos testemunhar esses avanços nos próximos 10 a 15 anos".

Esse impressionante avanço médico não apenas abre portas para indivíduos com condições neurológicas debilitantes, mas também lança luz sobre um futuro em que a tecnologia e a medicina podem se unir para transformar vidas de maneiras antes consideradas impossíveis.