Atendimentos em hospitais estaduais alagados e afetados pelas chuvas vem demorando mais que o dobro do tempo para ocorrer no Rio Grande do Sul, enquanto inúmeras vítimas e atingidos pelas enchentes ainda precisam buscar avaliação médica sobre seu quadro de saúde em razão do abalo psicológico, físico e também do contato com as águas contaminadas.
A forte tempestade que atingiu a região nos últimos dias deixou um rastro de destruição no sistema de saúde do estado. Ao menos 13 municípios tiveram todas as suas unidades básicas de saúde comprometidas, enquanto em outros 220, os danos parciais prejudicam os atendimentos à população.
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A situação já era crítica antes da explosão climática. Nos últimos anos, o estado convivia com um baixo índice de investimentos na área da saúde, penando para atingir o mínimo constitucional de 12% da receita corrente bruta. Essa falta de recursos era um ponto de tensão entre o governo Eduardo Leite (PSDB) e as prefeituras, que se queixavam da baixa nos repasses para a saúde municipal.
Agora, com os danos causados pelas enchentes, a situação se torna ainda mais preocupante. As unidades básicas de saúde, que são a porta de entrada para o sistema de saúde público, estão quase inoperantes em diversos municípios. Para piorar, mais um fator se soma a esse colapso: as temperaturas agora devem ficar abaixo dos 0ºC na região, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
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Caso que aumenta a probabilidade de quadros de doenças respiratórias, ainda mais quando há várias pessoas reunidas em um mesmo lugar, como acontece em abrigos. Como a Fórum mostrou ontem, a frente fria que chegou ao estado na terça-feira (14) já havia feito a mínima do ano despencar, mas nesta quarta-feira (15), a tendência é que os termômetros caiam ainda mais, com novas marcas negativas sendo esperadas.
Abaixo dos 0ºC: a menor temperatura do ano
De acordo com o Inmet, a região metropolitana de Porto Alegre deve registrar a mínima de 7°C durante a manhã, com a temperatura não passando de 15°C à tarde. Na segunda-feira (13), as temperaturas mínimas e máximas na capital gaúcha ficaram entre 10°C e 16°C, respectivamente, local onde está a maioria dos abrigos públicos.
"Na quarta, os ventos diminuem de intensidade e o frio aumenta. Neste dia, a previsão indica a formação de geada em grande parte do Rio Grande do Sul, principalmente na região serrana e metade sul, incluindo a campanha gaúcha", diz a nota do instituto.
Embora a massa de ar polar seco trazida pela frente fria garanta um céu ensolarado, com poucas nuvens, o clima gelado torna o trabalho das equipes de resgate e voluntários que atuam nas áreas afetadas pelas enchentes em Porto Alegre ainda mais desafiador.
Mais de 267 mil lares ainda estão sem energia elétrica e quase 160 mil sem abastecimento de água, agravando o sofrimento das famílias que já perderam suas casas. Pelo menos 530 mil pessoas estão desalojadas no estado, das quais quase 80 mil estão em abrigos públicos, conforme dados da Defesa Civil.