Thiago de Lima Ribeiro, de 21 anos, era proprietário de uma BMW e pagou R$ 25 mil para trocar uma peça do seu caro, que causou a morte dele e de três amigos. O caso ocorreu no dia 1º de janeiro de 2024, no Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
A falha mecânica liberou monóxido de carbono dentro do veículo, provocando asfixia no grupo de jovens.
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Thiago desejava aumentar a potência e o ruído do escapamento do carro, de acordo com denúncia do Ministério Público. Em julho de 2023, ele se dirigiu à mecânica de Jhones Smith Jesus da Silva, em Goiânia (GO), para realizar o serviço.
A customização substituiu o catalisador da BMW, equipamento responsável por reduzir os gases poluentes emitidos pelo motor, incluindo o monóxido de carbono. A troca foi feita por um pedaço de tubo, conhecido como downpipe.
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As investigações apontam que o tal downpipe foi feito de forma artesanal e precária. O prestador de serviços Adailton Moreira da Silva fabricava e instalava peças de carros, a partir da sua experiência como soldador em uma empresa de laticínios. Porém, não tinha qualificação como engenheiro mecânico, de acordo com informações do UOL.
O problema principal é que a peça instalada por Adailton não tinha o catalisador, elemento obrigatório para auxiliar na filtragem de gases. O material também não tinha certificação de segurança do Inmetro, “destoando dos padrões de veículos originalmente introduzidos no mercado pelas montadoras”.
Após a tragédia, a perícia na BMW concluiu que a peça sofreu ruptura completa, em consequência da fragilidade do cordão de solda utilizado e da fixação inadequada.
“A ruptura desta peça provocou uma abertura no tubo de escapamento dos gases, logo após a turbina, permitindo que parte desses gases se acumulassem no compartimento do motor, quando de seu funcionamento”, apontou a perícia.
Por isso, Jhones e Adailton se tornaram réus por quatro acusações de homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
A denúncia do MP, acatada pela Justiça, indicou que Jhones foi negligente na contratação do serviço terceirizado e não fiscalizou o que foi feito. Adailton, por sua vez, executou o trabalho sem o conhecimento técnico necessário.
Relembre o caso
Thiago de Lima Ribeiro e Gustavo Pereira Silveira, de 24 anos; Karla Aparecida dos Santos, 19; e Nicolas Oliveira Koleski, 16, morreram depois de passar o Réveillon em Balneário Camboriú.
Os amigos deixaram Florianópolis (SC) para ver a queima de fogos na cidade. À 1h30, saíram da praia para buscar, na rodoviária, a namorada de Gustavo, Geovana.
Todos começaram a se sentir mal no percurso até a rodoviária. Eles ficaram algumas horas dentro do carro com o ar-condicionado ligado por causa do congestionamento. Relataram que sentiram tontura e náuseas, mas pensavam que fosse dos alimentos que ingeriram na praia.
Ao chegarem na rodoviária, resolveram descansar dentro da BMW. Às 3h34, Thiago decidiu telefonar para o Corpo de Bombeiros, dizendo que estava passando mal por ter comido um cachorro-quente. A atendente disse para o jovem ligar para o Samu. A ligação não foi completada, relatou a denúncia do MP.
Os jovens ficaram, aproximadamente, 4 horas dentro do veículo sem ter conhecimento que estavam inalando monóxido de carbono. Eles deixaram as janelas fechadas, pois chovia no dia.
Todos foram encontrados desacordados por Geovana às 7 horas. A jovem pediu ajuda aos funcionários da rodoviária. O Samu foi acionado, porém todos já estavam mortos.
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