Apesar de o governo federal ter determinado a interrupção das demolições dos imóveis desocupados na Favela do Moinho, em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) descumpriu a ordem e enviou a Polícia Militar para cercar a comunidade e coagir os moradores, na manhã desta quarta-feira (14).
A ordem do governo Lula veio após a PM de Tarcísio utilizar de excesso de força policial, agredindo e jogando gás lacrimogêneo em moradores, jornalistas e parlamentares presentes ao local nesta terça-feira (13). No mesmo dia, houve tentativa de diálogo com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), mas nenhum representante da companhia estatal compareceu.
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A deputada estadual Ediane Maria (PSOL-SP), que esteve no local e que foi uma das vítimas da ação violenta de terça, afirmou que o descumprimento da determinação do governo federal é um sinal claro da resistência de Tarcísio de Freitas em resolver a situação das famílias.
“O envio de policiais para a Favela do Moinho após a violência ocorrida ontem é um sinal claro de terror psicológico do governador Tarcísio de Freitas contra a população para que abandonem o território que ocupam há mais de 20 anos. Não há lógica para este envio da PM depois de o Governo Federal se posicionar em nota contra a demolição das moradias e, principalmente, do emprego de força policial. Ontem, nem as crianças e mulheres grávidas foram poupadas", relatou a parlamentar.
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Nesta quarta, após denúncias ao mandado sobre nova intimidação da PM, com policiais apontando armas para os moradores, o objetivo da deputada é coibir uma nova cena de violência policial e barrar possíveis demolições. O terreno ocupado pela Favela do Moinho pertence à União e é alvo de especulação imobiliária.
Agressão a deputadas
Na tarde desta terça (13), a PM agrediu moradores e parlamentares que estavam acompanhando a ação de repressão na Favela do Moinho. As deputadas estaduais Ediane Maria e Paula Nunes da Bancada Feminista, ambas do PSOL, foram duas das vítimas.
Já na noite de segunda (12), policiais estavam no local, intimidando a população e escoltando os agentes para a demolição de casas.
De acordo com Ediane, os funcionários da empresa estatal destruíram moradias sem aviso prévio.
“Ontem (segunda) foi um show de horror, com os moradores perdendo suas coisas porque não tinham sido avisados com antecedência. A sanha de Tarcísio em fazer limpeza social para favorecer a especulação imobiliária passou de todos os limites. A PM, mais uma vez, está usando de violência para intimidar os moradores”, ressaltou a deputada.
Governo de SP ainda não informou para onde vão as famílias
De acordo com a parlamentar, o objetivo é barrar as demolições e obrigar o governo do estado a cumprir a decisão da União, que orienta a remoção de famílias desde que haja moradia digna e imediata. Até o momento, o governo do estado não informou para onde as famílias despejadas serão realocadas.
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