Sem conseguir evoluir nas pesquisas eleitorais e precisando do apoio do eleitorado bolsonarista para ir ao segundo turno, o atual prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), pode sofrer ainda mais revezes em sua tentativa de reeleição.
Segundo reportagem de Cristiane Agostine, no jornal Valor Econômico, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) têm uma reunião marcada para esta quarta-feira (4), em Brasília (DF), para reavaliar o apoio dado a Nunes.
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A matéria revela que há duas semanas, depois de Bolsonaro dizer, em uma entrevista a uma rádio de Natal (RN), que Ricardo Nunes não era o "candidato dos sonhos", Tarcísio promoveu uma reunião com o prefeito, o marqueteiro da campanha emedebista, Duda Lima, e o deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG). O encontro, realizado na sede do governo de São Paulo, teve como objetivo discutir a melhor forma de reagir ao crescimento de Pablo Marçal (PRTB) nas pesquisas de intenção de voto.
Oficialmente, Tarcísio, um dos principais articuladores da união do bolsonarismo com Nunes, tem participado de agendas públicas com o candidato. Na quarta-feira (28), inclusive, disse que iria participar de mais atos para demonstrar que a relação entre prefeitura e governo estadual era produtiva, podendo ser um ativo eleitoral.
"Com certeza [as agendas com Ricardo Nunes] irão se intensificar. Sabe por quê? Tem muita coisa conjunta sendo feita. A gente precisa mostrar a parceria", afirmou o governador, em caminhada no Capão Redondo, zona sul de São Paulo.
Ex-comandante da Rota e vice na chapa do atual prefeito, o coronel Mello Araújo, indicado por Bolsonaro, tem subido o tom contra Marçal, ao contrário de outros aliados do bolsonarismo que acenam para o candidato do PRTB. Na quinta (29), em campanha em Guaianases, zona leste da capital paulista, o candidato a vice atacou o ex-coach.
"O cara conduziu 60 pessoas para uma caminhada lá no pico dos Marins. Teve que chamar o resgate. Que chefe de excursão que leva pessoas para o perigo e expõe ao risco e depois chama os Bombeiros para resgatar?", disse, ao se referir a uma expedição liderada por Marçal à Serra da Mantiqueira em janeiro de 2022.
Onde está Bolsonaro?
Bolsonaro, no entanto, continua sendo o grande ausente na campanha do prefeito. Segundo nota publicada nesta terça-feira (3) pelo colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, o ex-presidente teria dito a interlocutores que Tarcísio de Freitas estaria assinando o “atestado de óbito” político caso insista no apoio ao candidato do MDB.
Pesquisa Quaest divulgada na última quinta mostra que Marçal lidera no segmento bolsonarista, com 39% dos votos contra 33% de Nunes. Cresceu principalmente tirando votos de Datena (PSDB), mas também afetando Nunes. O prefeito hesitou durante toda a pré-campanha em aderir explícita e publicamente a Bolsonaro, com medo de aumentar sua rejeição, já que o ex-presidente perdeu na capital paulista nas eleições de 2022. No entanto, sem o voto dos apoiadores do ex-presidente, se arrisca a não ir para o segundo turno.
A esta altura, Nunes não tem mais opção. O problema agora é convencer o ex-presidente a apoiá-lo de forma efetiva.