Na cidade de São Paulo, mais da metade da população vive em insegurança alimentar. Ao todo, são 5,8 milhões de pessoas que não conseguem ter acesso a alimentos seguros e nutritivos, precisam pular refeições ou até mesmo passam um dia inteiro sem comer de forma regular ou permanente.
Esse número representa 50,5% da população da capital paulista, o que corresponde a quase o dobro da média nacional, que é 27,6%.
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Essa situação foi revelada pelo I Inquérito sobre a Situação Alimentar do Município de São Paulo, divulgado nesta sexta-feira (20). O estudo foi produzido pelo Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de São Paulo (Comusan-SP), Observatório de Segurança Alimentar e Nutricional da Cidade de São Paulo (ObSANPA) e pesquisadores da Unifesp e da UFABC.
Os dados do documento também mostram que 12,5% da população vivem em insegurança alimentar grave, ou seja, passam fome na cidade de São Paulo. O número equivale a toda população do município de Goiânia, por exemplo.
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Os pesquisadores chamam atenção para o fato de as maiores proporções de insegurança alimentar se concentrarem nas áreas periféricas, com maior incidência na Zona Leste, seguida pela Zona Sul.
Recortes por raça, gênero e renda
A maioria dos domicílios analisados que enfrentam insegurança alimentar é chefiada por mulheres e apresenta uma taxa 1,8 vez maior de insegurança alimentar grave (fome) se comparada aos lares chefiados por homens. Ao passar a análise para domicílios liderados por mulheres negras (pretas e pardas), a taxa chega a ser duas vezes maior.
Além disso, 70% dos domicílios que enfrentam a fome (insegurança alimentar grave) têm renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo ( R$ 706,00). Os domicílios onde a pessoa de referência era trabalhadora doméstica (34,1%) ou exercia trabalhos temporários ou bicos (24,9%) apresentaram os maiores índices de insegurança alimentar grave. Por sua vez, entre os domicílios em que a pessoa de referência estava desempregada, 72,5% estavam submetidos a algum grau de insegurança alimentar, sendo 24,9% em insegurança alimentar grave.
O estudo ainda destaca que os domicílios submetidos à insegurança alimentar são atravessados por um conjunto de constrangimentos vivenciados cotidianamente. Os dados mostram que 40,4% das pessoas que enfrentam a fome deixaram de comprar comida para pagar transporte, enquanto 38,6% afirmaram que tiveram que fazer alguma coisa que causou vergonha, tristeza ou constrangimento para conseguir alimentos.
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