Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com cerca de 15 mil crianças com menos de 5 anos, revelou que a falta de alimentação e má alimentação estão afetando o desenvolvimento infantil.
Em uma escala em que o ideal é 1, o Brasil está em 0,93 em questão de desenvolvimento, tanto físico quanto intelectual, das crianças, dado que mostra o atraso no crescimento infantil.
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De acordo com o profssor nda UFRJ Gilberto Kac, que ministra aulas sobre epidemiologia nutricional, as crianças identificadas com proporção de desenvolvimento abaixo do esperado, possuem essa característica devido a não utilização do potencial genético, muitas vezes por conta da insegurança alimentar de sua família.
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O estudo também mostra que crianças negras, residentes da região Norte brasileira, sofrem ainda mais com a situação, pois possuem uma média de 0,88 dentro da escala. Esse dado está interligado ao fato de suas famílias possuírem renda de até meio salário mínimo.
Segundo os Dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil, o Norte é o local mais afetado pela má distribuição de alimentos – 71,6% da população sofre insegurança alimentar; a fome extrema atinge 25,7% das famílias nortistas, equivalente a cerca de 4,6 milhões de pessoas.
Comparado ao restante do país, essa porcentagem é consideravelmente maior: a média nacional de insegurança alimentar leve ou moderada é de 43,2%, enquanto é 15,5% de forma grave. Isso significa que a região Norte brasileira tem o índice de subalimentação 39,6% maior do que o restante do Brasil.
Essa situação afeta de forma mais grave as crianças, principalmente nos primeiros anos de vida, em que a capacidade cognitiva, psicossocial, conexões neurais e consciência da existência estão sendo estimuladas a todo momento, muito rapidamente e atingirão toda a vida adulta delas.
A anemia causada pela fome, em decorrência da falta de nutrientes, por exemplo, pode causar impactos como dificuldade de aprendizagem, fadiga e diminuição da capacidade física, sintomas que podem permanecer e dificultar a vida adulta da criança.
O diagnóstico da desnutrição também pode demorar a ser feito, devido a um fenômeno chamado “desnutrição silenciosa”, quando a fome só é identificada através do surgimento de uma doença, causada por ela.