ELEIÇÃO EM SP

Líderes do partido de Marçal trocaram carrões por pacotes de cocaína para o PCC, diz jornal

Assessores de confiança do presidente nacional do PRTB, Leonardo Avalanche, segundo a Polícia Civil, ainda financiavam o tráfico e gerenciavam prostíbulos

Tarcísio Escobar de Almeida, liderança do PRTB e acusado de relação com o PCC, ao lado de Pablo Marçal.Créditos: Redes sociais/Reprodução
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Uma nova e devastadora bomba atingiu, na tarde desta quarta-feira (21), a campanha do coach Pablo Marçal (PRTB), candidato à prefeitura de São Paulo. Uma investigação da Polícia Civil paulista mostrou que dois assessores pessoais e muito próximos do presidente nacional do PRTB (legenda de Marçal), Leonardo Avalanche, teriam trocado carros de luxo por pacotes de cocaína com o PCC (Primeiro Comando da Capital), maior organização criminosa do Brasil, além de terem cometido outros crimes graves, como financiamento ao tráfico, fraude imobiliária e exploração da prostituição. As informações são do jornal ‘O Estado de S. Paulo’.

Tarcísio Escobar de Almeida, que chegou a ser nomeado presidente estadual do PRTB em São Paulo, mas que teve que deixar a função três dias depois porque sequer tinha título de eleitor, e Júlio César Pereira, conhecido como Gordão, eram os homens mais próximo de Leonardo Avalanche na sigla que um dia foi liderada pelo caricato Levy Fidélix. Foi Avalanche quem bancou, contrariando tudo e a todos, a candidatura de Marçal para o executivo paulistano.

Conforme a apuração das autoridades policiais, Escobar e Gordão têm relação direta com o PCC e teriam realizado a função de financiar o tráfico de drogas para a poderosa quadrilha brasileira que atua em pelo menos 24 países. Tanto Escobar como Gordão já participaram de inúmeros eventos políticos do PRTB e o primeiro tem até fotos com Marçal em encontros da legenda, além de registros na companhia de Avalanche, o homem que manda no partido nacionalmente.

Os dois acusados ligados ao partido de Marçal foram indiciados pela Polícia Civil no ano passado e as investigações teriam chegado a eles, em 2020, por mero acaso. Os agentes estavam monitorando na Zona Leste da capital paulista um homem chamado Francisco Chagas de Sousa, conhecido no mundo do crime como Coringa, que seria dono de um estabelecimento de venda de bebidas alcoólicas. Numa operação na adega, os policiais encontraram drogas, uma pistola e um pen drive que trazia uma complexa listagem e contabilidade de pessoas que seriam integrantes do PCC, assim como os negócios que mantinham com a quadrilha. A Justiça autorizou o aprofundamento das investigações e uma escuta telefônica revelou que Coringa, que seria responsável pelo tráfico interestadual do PCC nos estados de São Paulo e Paraíba, falava com Gordão, uma das lideranças do PRTB. Dias depois, foi o nome de Escobar que apareceu nas investigações.

De acordo com a Polícia Civil de São Paulo, Escobar teria orientado Gordão a tratar com Coringa a troca de um automóvel BMW X5, avaliado em mais de R$ 700 mil, por cocaína. A conversa explicava que Escobar entraria em contato na sequência para esclarecer melhor como seria a transação. “Nos diálogos mantidos entre ambos, Coringa e Gordão, ficou evidente tratar-se de negociação de veículos com o fim de que sejam trocados por drogas”, diz o trecho do inquérito produzido pela Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes e encaminhado ao Ministério Público.

Ainda segundo os investigadores, a droga em si não passava pelas mãos dos dois investigados ligados ao PRTB, mas era de conhecimento tácito por parte deles que os valores, fossem em dinheiro ou por meio de carros luxuosos, era destinado à aquisição de cocaína em grande quantidade, que após ser vendida, por valores altíssimos, tinha o lucro dividido entre os três, Coringa, Escobar e Gordão. Em resumo, em consonância com as investigações, eles financiavam a compra de pacotes de cocaína com os carros e, depois de revendida a droga por um preço exorbitante, dividiam os valores.

No mesmo inquérito, a Polícia Civil afirma que Escobar e Gordão também estariam envolvidos na direção de uma empresa que vende lotes de forma criminosa a pessoas simples e sem instrução, o que seria crime de fraude imobiliária, além de gerenciarem um prostíbulo. A reportagem afirma ainda que diálogos dos envolvidos obtidos pelos investigadores mostram conversas abertas sobre a administração de questões relacionadas ao PCC, como a advertência de integrantes, um controle minucioso do contingente da quadrilha (espécie de censo) e outras atividades da organização.