A Justiça de São Paulo tornou réu e decretou a prisão preventiva do policial militar Vinicius de Lima Britto nesta quinta-feira (5). O PM é acusado de matar o jovem negro Gabriel Renan da Silva Soares com 11 tiros pelas costas num mercado da Zona Sul de São Paulo.
O caso aconteceu na noite desta terça-feira (3) no estabelecimento da franquia Oxxo, à Avenida Cupecê. O jovem foi alvejado pelo PM, que estava de folga, após tentar roubar dois pacotes de sabão.
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Na decisão da Justiça, a juíza Michelle Porto afirmou que o PM “excedeu em muito os limites de sua atividade, em flagrante deturpação da finalidade da Polícia Militar". Ela ainda acrescentou que sua prisão tem como finalidade a "garantia da ordem pública".
"Não se descura do fato de que o acusado, policial militar, a despeito de sua condição de agente de segurança pública, cuja função precípua é a proteção da sociedade e a preservação da ordem pública, disparou contra a vítima fora de serviço, utilizando-se de arma de fogo de propriedade da Corporação e cujo porte detinha apenas em razão do exercício de sua função pública", diz um trecho da decisão.
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O policial militar tem até dez dias para responder à decisão da Justiça por escrito, através de um advogado.
Em sua defesa, Vinicius afirmou que atirou no jovem por legítima defesa, pois Gabriel teria feito menção de estar armado. A versão foi corroborada por um atendente da loja, que alegou que o jovem teria afirmado: “Não mexe comigo, que estou armado, não quero nada do que é seu”.
Porém, imagens das câmeras de segurança desmentiram a versão do policial ao mostrar que, após furtar os dois pacotes de sabão, Gabriel correu em direção à porta, mas escorrega e cai de bruços do lado de fora da loja. Nesse momento, o policial já dispara os 11 tiros contra o jovem.
Veja cena do momento exato:
[IMAGENS FORTES]
O que diz o governo de São Paulo
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o policial militar que executou o jovem negro foi afastado de suas funções e que o caso segue sob investigação pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
“Familiares da vítima foram ouvidos e diligências estão em andamento para identificar e qualificar a testemunha que esbarrou na vítima durante sua fuga do estabelecimento comercial, momentos antes de ser alvejado. A Polícia Militar acompanha as investigações, prestando apoio à Polícia Civil. Caso as apurações apontem para a responsabilização criminal do policial militar, medidas administrativas serão adotadas, incluindo a possibilidade de processo disciplinar que poderá resultar na sua exclusão da Instituição", diz o comunicado.
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