Em dez cemitérios municipais concedidos à iniciativa privada em São Paulo, foram encontradas "ossadas humanas e restos de material fúnebre expostas por escavações", de acordo com uma auditoria do Tribunal de Contas do Município (TCMSP).
“[Além de ossadas] pedaços de madeira e de mantas mortuárias dos caixões também foram registrados pelos auditores junto a resíduos de obras, indicando que as escavações realizadas em área indevida ocasionaram exumações à revelia e descarte de ossadas de forma anônima”, relatou o tribunal, em nota.
Te podría interesar
A concessão de cemitérios à iniciativa privada em São Paulo vem sendo alvo de diversas críticas nos últimos meses, como em relação aos preços abusivos para velórios e sepultamentos, questão que virou alvo de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). No último final de semana, o ministro Flávio Dino determinou que os cemitérios voltassem a cobrar os preços anteriores à concessão.
LEIA TAMBÉM: Efeito Nunes: custo para enterro mais que triplicou em SP com privatização, aponta Sindsep
Te podría interesar
Além disso, moradores têm denunciado falta de transparência e até perda de restos mortais por parte dos cemitérios.
Ainda de acordo com a auditoria do TCU, os representantes das concessionárias não comprovaram a destinação das ossadas enterradas nos locais onde houve exumação compulsória. Segundo o órgãos, as empresas apenas mostraram sacos de despojos “em quantidade bem inferior ao total de exumações já feitas”.
O TCU também aponta que as empresas estão realizando uma série de obras nas quadras gerais, local onde os sepultamentos eram feitos em contato direto do caixão com o solo. A prática foi extinta em janeiro de 2024, quando o modelo de gavetas de laje passou a ser exigido. Por conta disso, a construção de nichos no solo e columbários (estrutura de múltiplos andares erguida na superfície) gerou uma série de escavações sem que fossem efetuadas prévias e necessárias exumações.
Os cemitérios
Alguns dos cemitérios analisados foram Vila Formosa (Consolare), Campo Grande (Grupo Maya) e Dom Bosco (Cortel), que apresentaram encostas de terreno alvo de ação de retroescavadeiras, revelando partes de esqueletos humanos. Já no Vila Formosa, um crânio foi visto solto no solo.
No cemitério São Pedro (Velar), os auditores encontraram resíduos de exumação em contêineres comuns (abertos), misturados com restos de materiais de construção. "Pedaços de madeira e de mantas mortuárias dos caixões também foram registrados pelos auditores junto a resíduos de obras, indicando que as escavações realizadas em área indevida ocasionaram exumações à revelia e descarte de ossadas de forma anônima", diz o TCU.
Por fim, o órgão afirma que os apontamentos levantados pela auditoria foram encaminhados à SP Regula e ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), para que tenham conhecimento da situação e adotem as medidas necessárias.
Siga o perfil da Revista Fórum e da jornalista Júlia Motta no Bluesky.
