A situação de insegurança alimentar nas comunidades do Complexo do Alemão, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro, é um dilema constante para muitas famílias que enfrentam dificuldades para colocar comida na mesa. Neste Dia Mundial da Alimentação, marcado pela criação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) em 1945, é importante trazer à tona a realidade dessas famílias que vivem em constante incerteza quanto à sua próxima refeição.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), 75% das famílias com crianças de até 6 anos que vivem no Complexo do Alemão enfrentam algum nível de insegurança alimentar, variando de moderada a grave, nos últimos três anos.
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A insegurança alimentar tem diferentes níveis, de acordo com Juliana Lignani, professora do Departamento de Nutrição Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Segurança alimentar é quando todas as pessoas de uma casa têm acesso suficiente à comida. Insegurança leve é quando as pessoas têm preocupações financeiras relacionadas à compra de alimentos. A insegurança moderada envolve mudanças na qualidade da alimentação para garantir que haja comida suficiente, enquanto a insegurança grave ocorre quando as pessoas não têm o que comer.
O estudo do Ibase, realizado em parceria com o Instituto Raízes em Movimento e a ONG Educap, foi conduzido por cerca de 20 moradores da comunidade que foram treinados para o trabalho de campo. Os dados revelam uma situação alarmante, especialmente entre famílias com crianças, onde a fome aumentou consideravelmente.
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A pesquisa nacional da Rede Penssan (Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) em 2022 apontou que a fome nas famílias com crianças menores de 10 anos dobrou, atingindo 18,1% em 2022. Quando há três ou mais crianças menores de 18 anos na família, a fome afeta 25,7% dos lares.
Em resposta a esses desafios, Adilson Pires, secretário de Assistência Social da prefeitura do Rio de Janeiro, mencionou que as escolas públicas servem refeições para 619 mil crianças e que debates sobre políticas públicas para a segurança alimentar estão em andamento. Ele destacou a iniciativa de criar um banco de alimentos no Ecoparque do Caju, chamado Alimenta Rio, que inclui a doação de frutas, legumes e verduras a famílias inscritas no CadÚnico e a catadores. Esse projeto piloto, previsto para a segunda quinzena de novembro, pode servir como um modelo para abordar a insegurança alimentar em outras áreas, incluindo o Complexo do Alemão.
A insegurança alimentar é um problema persistente que afeta inúmeras famílias em comunidades como o Complexo do Alemão. À medida que a sociedade se conscientiza sobre essa realidade, é vital que as autoridades locais e nacionais trabalhem juntas para encontrar soluções que garantam que todas as famílias tenham acesso a uma alimentação adequada e suficiente.