Foi deflagrada neste sábado (18) uma nova operação da Polícia Federal que mira o esquema de exploração sexual montado para atender garimpeiros que ocupam a Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Foram cumpridos 4 mandados de busca e apreensão e outros 4 de prisão temporária de pessoas acusadas de envolvimento com o esquema.
As ações ocorreram em Boa Vista, capital do Estado, e os pedidos foram expedidos pela Vara de Crimes contra Vulneráveis.
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As investigações começaram quando uma menina de 15 anos, traficada ao lado de outras 4 mulheres adultas para servir como prostituta em área ocupada por garimpeiros na Terra Indígena Yanomami, foi resgatada na última terça-feira (14) pela PF. Elas navegavam pelo rio Mucajaí com os agenciadores.
A mãe da jovem já havia registrado seu desaparecimento em 12 de fevereiro através de um boletim do ocorrência protocolado junto à Polícia Civil do Estado. Ela não tinha notícias da filha até o resgate.
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A vítima disse aos policiais que recebeu proposta para trabalhar como cozinheira no garimpo. O contato para o suposto emprego teria sido feito através das redes sociais e ela seguiu para o local de avião no dia seguinte, onde passou cerca de 20 dias. A adolescente relatou aos policiais federais uma série de agressões que sofreu no período.
Os policiais afirmam que através das informações dadas pela adolescente foi possível identificar alguns dos suspeitos de envolvimento no esquema.
“Por meio de perfis falsos em redes sociais, os aliciadores fariam o contato com mulheres e adolescentes, ofertando a possibilidade de trabalharem no garimpo nas mais variadas áreas (inclusive na prostituição) com promessa de ganhos irreais”, disse a PF em nota.
De acordo com as investigações, após aceitarem a proposta dos aliciadores, as vítimas eram transportadas por um motorista particular até uma pista de voo clandestina, operada pelos garimpeiros, onde ia de avião até o local. Ao chegarem, eram informadas que seriam cobradas pelo transporte e que, dessa maneira deveriam ficar ali para pagar a dívida.
“Lá chegando, em condições de extrema precariedade, as vítimas eram informadas e cobradas pelos custos do transporte, que poderiam valer até R$ 10 mil, gerando, a partir daí, uma dívida inicial com os gerentes do grupo criminoso”, explicou a PF.
Mas não era apenas o carro e o voo que as vítimas adquiriam como dívida. Também a alimentação e a moradia que utilizavam no garimpo entrava na conta. Elas não poderiam deixar o local, de acordo com informe da organização criminosa, enquanto ainda devessem. O problema é que a dívida só crescia. A cada dia que passava, mais alimentos eram consumidos e mais tempo de moradia era alugado.
Na esperança de conseguir pagar a dívida e poder voltar para casa, as mulheres e adolescentes chegavam a fazer 15 programas por noite. Também sofriam ameaças caso não quisessem fazê-los. A PF aponta duas irmãs e o marido de uma delas como os chefes da quadrilha, mas não revelou seus nomes.