Durante operação realizada na última terça-feira (14) contra o garimpo ilegal no interior da Terra Indígena Yanomami, agentes do Ibama e da Polícia Rodoviária Federal encontraram e apreenderam duas antenas de internet da empresa Starlink, do famoso bilionário Elon Musk, além de armas e munições utilizadas pelos criminosos. Os agentes chegaram ao local de difícil acesso, que fica no meio da floresta amazônica, a bordo de dois helicópteros.
Recebidos a tiros pelos garimpeiros, os agentes do Grupo Especial de Fiscalização do Ibama e do Grupo de Resposta Rápida da PRF não conseguiram prender os criminosos, mas tomaram controle do local. Após averiguação, os equipamentos foram encontrados.
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Uma das antenas estava funcionando. Sua fabricante, a Starlink, é uma empresa que oferece soluções para o acesso à internet de alta velocidade e funciona como um braço da SpaceX, com a qual o bilionário sul-africano-canadense pretende colonizar o planeta Marte.
Além das antenas, também foram apreendidas 15 gramas de ouro, 600 de mercúrio, 508 cartuchos de munições variadas e documentos pessoais dos garimpeiros. A operação destruiu mais de 3 mil litros de combustível, 4 barcaças de mineração, 12 geradores e mais uma série de equipamentos para montar acampamentos e armazenar motores de barcos.
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Nesse primeiro mês de operações contra o garimpo em terras Yanomami, outras cinco antenas Starlink foram apreendidas e sabe-se lá quantas ainda estão sendo usadas pelos criminosos. O Ibama estuda a possibilidade de bloquear o sinal da empresa na região.
De acordo com as investigações chefiadas pela Polícia Federal, a área conhecida como “Ouro Mil” é controlada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa com origem em São Paulo. Além disso, os garimpeiros estariam utilizando o sistema Starlink para coordenarem ações, realizarem pagamentos e coletarem informações sobre as operações federais na região.
A empresa chegou ao Brasil no último ano e obteve êxito em vender seus serviços ao redor do país, sobretudo na Amazônia. Os próprios garimpeiros, que antes dependiam da ida de avião de técnicos que pudessem instalar antenas fixas para terem internet, encontraram uma espécie de solução logística com a tecnologia oferecida pela empresa, que oferece antenas de montagem simples e funcionamento fácil, até mesmo em movimento.
Durante visita ao país em maio do ano passado, quando se encontrou com o então presidente Jair Bolsonaro (PL), Musk declarou que via na Amazônia uma “oportunidade” para a Starlink. Em tese, estaria sendo fechado um negócio para conectar 19 mil escolas em áreas rurais e oferecer ferramentas para o monitoramento ambiental da Amazônia.
Mas o projeto não avançou e segundo o Ministério das Comunicações tudo o que a SpaceX instalou na região foram três terminais, em escolas, que funcionariam por um “período experimental” de 12 meses. Como se nota, foi o suficiente para a empresa se espalhar na região e ser utilizada pelos garimpeiros em suas ações.
*Com informações do G1.