FESTA PROFANA

Prefeita quer trocar carnaval por evento gospel em cidade do Maranhão

Prefeita de Zé Doca e deputado federal destacaram a mudança como uma "inovação para agradar toda a população"

Prefeita quer trocar carnaval por evento gospel em cidade do Maranhão.Prefeita Flavinha e o deputado Josimar MaranhãozinhoCréditos: Reprodução / Redes sociais
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A prefeita de Zé Doca (MA), Flavinha Cunha (PL), tem enfrentado uma onda de críticas após anunciar que a tradicional festa de Carnaval da cidade não será realizada este ano. Em substituição, a gestão municipal promoverá um evento gospel intitulado "Adora Zé Doca". A decisão dividiu opiniões e gerou um intenso debate sobre liberdade religiosa e uso de recursos públicos.

O anúncio foi feito no dia 19 de janeiro em um vídeo publicado nas redes sociais da prefeita e do deputado federal Josimar Maranhãozinho (PL). Durante a gravação, os políticos destacaram a mudança como uma "inovação para agradar toda a população". Maranhãozinho chegou a ressaltar a ausência do Carnaval no calendário de eventos do município, ao que a prefeita respondeu com entusiasmo sobre os quatro dias de louvor programados.

O festival gospel contará com cinco atrações e terá um custo estimado de mais de R$ 600 mil em cachês. Entre os artistas contratados, a cantora Maria Marçal receberá R$ 210 mil para se apresentar no dia 1º de março. Já a banda Morada, que subirá ao palco no dia 2 de março, terá um cachê de R$ 170 mil. Outros nomes confirmados incluem Gerson Rufino (R$ 90 mil), Kleber Nascimento (R$ 60 mil) e o grupo infantil 3 Palavrinhas (R$ 75 mil).

A decisão da prefeita provocou uma enxurrada de comentários nas redes sociais da prefeitura. Entre os apoiadores, muitos destacaram a importância de eventos religiosos para a comunidade evangélica e celebraram a iniciativa. No entanto, as críticas foram ainda mais expressivas. Diversos internautas apontaram que a administração municipal estaria privilegiando uma crença específica em detrimento de um evento tradicional e culturalmente relevante.

Para amenizar a polêmica, a prefeitura anunciou que um pré-carnaval será realizado entre os dias 21 e 23 de fevereiro, com três atrações contratadas a um custo de R$ 850 mil. No entanto, a medida não foi suficiente para conter as críticas sobre a retirada do Carnaval oficial do calendário municipal.

O caso também trouxe à tona questões sobre a diversidade religiosa em Zé Doca. Segundo o censo mais recente do IBGE, a religião predominante na cidade é o catolicismo, representado pela Diocese de Zé Doca e pela Igreja Apostólica Brasileira. O município também abriga um grande número de igrejas evangélicas, como a Assembleia de Deus, Igreja Adventista do Sétimo Dia, Testemunhas de Jeová, Igreja Universal e outras denominações.

Diante da repercussão negativa, a gestão municipal ainda não se manifestou sobre uma possível revisão da decisão. Enquanto isso, a população segue dividida entre aqueles que apoiam a iniciativa religiosa e os que consideram a medida um retrocesso na valorização das tradições culturais locais.

 

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