Em medida pra lá de confusa, o prefeito de Pontes de Lacerda (MT), Alcino Barcelos (Republicanos), invocou o “Estado laico” e a “cultura nacional” para proibir que as escolas municipais comemorem o Dia das Bruxas, ou Halloween, na próxima terça-feira (31).
A proibição veio após reclamações de pais, conforme o próprio prefeito anunciou em vídeo publicado nas redes sociais no último domingo (29).
Te podría interesar
“Recebi aqui uma denúncia de uma mãe preocupada que disse que vai ter uma festa do Dia das Bruxas em uma escola nossa municipal. Dois compromissos que quero fazer: não vai ter a festa e vamos apurar os fatos”, alardeia o prefeito.
Até então, ele parecia bastante claro. Mas a partir desse ponto, a argumentação do prefeito começou a ficar confusa.
Te podría interesar
“Primeiro que Halloween e Dia das Bruxas não faz parte da nossa cultura brasileira e nacional. E segundo, para quem ler e pesquisar um pouco, é um culto aos mortos e também Dia de Todos os Santos. Então, pensando que temos ali, no berço das escolas, crianças filhas de evangélicos, de católicos e de espíritas – a gente tem que respeitar todos, o Estado é laico e que escola é lugar de aprender”, disse.
De fato o Halloween, ou Dia das Bruxas, não é uma festa nacional e tem uma raiz mística, de crenças que não possuem qualquer representatividade na atualidade – o que torna a reivindicação de laicidade do Estado por parte do prefeito uma verdadeira piada.
Oriundo de uma tradição pagã celta e muito presente em países de língua inglesa como os EUA e a Inglaterra, a festa estava ancorada – no passado - numa crença que apontava que na data da festa, o mundo dos mortos estaria próximo do mundo dos vivos, como se um portal fosse aberto. Por essa razão a festa se tornou popular na atualidade pela via cultural, sobretudo dando munições a filmes e literatura do gênero terror/horror.
O Halloween foi popularizado nas últimas décadas pela forte indústria cultural dos EUA. Mas apesar de vir de fora, a versão moderna da festa guarda remotas semelhanças com o nosso carnaval, sobretudo por conta dos momentos lúdicos que quebram a rotina e do uso de fantasias. E talvez esse seja o grande motivo para a decisão do mandatário.
“Quer fazer festa de fantasia na escola, vá fantasiado de professor que ensina, de médico que salva vida, de agrônomo que cuida de animais, de agricultor que planta, mas esse tipo de festa para criança em escola não cabe e não agrega nada. Enquanto eu for prefeito, não vai ter Dia das Bruxas. Tá proibido, tá bom? Se comunicou aí, cancela! Se alguém comprou fantasia, infelizmente não vai poder usar”, finalizou o vídeo.