Milícias formadas por policiais e ex-policiais que cobram comerciantes de bairros inteiros por seus "serviços de segurança", nos moldes das que se formaram nas últimas décadas no Rio de Janeiro, já são uma realidade em Pernambuco. Nesta sexta-feira (12), a Polícia Civil pernambucana convocou a imprensa para detalhar as operações que desarticularam um desses grupos, que atuava na Região Metropolitana do Recife.
De acordo com os policiais, a organização criminosa atuava em Abreu e Lima e cobrava taxas de proteção em torno de R$ 50 semanais de cerca de 100 comerciantes locais.
Te podría interesar
Ao todo, foram feitas duas operações policiais (Derrama e Escudeiros II) para desarticular o grupo, nas quais 13 pessoas acabaram sendo presas. Entre os presos, 6 são policiais militares da ativa e outros 2 são reformados. Todos responderão pelo crime de formação de milícia privada.
Um desses PMs presos, apontado como o líder do grupo, foi vereador no município e também é acusado de peculato e de ter feito "rachadinha" em seu gabinete à época. As identidades dos presos não foram reveladas.
Te podría interesar
As investigações começaram em 2019, quando Joelson Ferreira da Silva, um policial militar, foi morto em briga de bar com um colega. De acordo com o delegado Jorge Pinto, um dos responsáveis pelas investigações, o grupo já atuava na região há mais de uma década.
"Sob o pretexto de fazer segurança privada, esse grupo recolhia 'taxas de proteção' de comerciantes e moradores de Abreu e Lima. Quem se recusasse a pagar teria o estabelecimento totalmente saqueado. Pelo que pudemos observar, não havia espaço para recusas", disse o delegado.
Os policiais civis ainda revelaram que as taxas eram coletadas pelos policiais militares que participavam do esquema, quando estavam em horário de serviço. Também foram compilados os relatos dos saques aos comerciantes "rebeldes".