ABSURDO

BA: Mãe ataca inclusão de livro de Djamila Ribeiro sobre racismo em escola

Vencedora do prêmio Jabuti em 2020, a obra "Pequeno Manual Antirracista" é referência na luta contra o racismo

Livro de Djamila Ribeiro é alvo de mãe de aluno em colégio de Salvador.Créditos: Divulgação
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A inclusão de autores negros e não católicos na grade curricular do Colégio Antônio Vieira, na capital baiana, tem se tornado motivo para "polêmica" nos últimos dias. A mãe de um aluno decidiu atacar o livro "Pequeno Manual Antirracista", da escritora Djamila Ribeiro, em suas redes sociais, e criticar as aulas do 8º ano ministradas com a obra, dizendo que os alunos estão sendo "doutrinados".

"Qual é o objetivo de utilizar uma autora que vem de família de outra religião, no caso específico candomblé? Existe nisso qualquer conexão com a fé católica?", escreveu o usuário que diz ser mãe de um aluno e não se identifica na postagem. Apesar de falar que há uma “imposição ideológica”, na verdade, a indignação está relacionada a religião de Djamila, que é candomblecista.

Crédito: Reprodução/Redes Sociais

O colégio em questão é católico e disse em nota que as questões antirracistas são trabalhadas junto ao projeto político pedagógico da escola, seguindo os fundamentos da Companhia de Jesus e também as diretrizes da Igreja Católica, e que a inclusão da luta antirracista é importante para a educação dos estudantes. "Para nós, a educação sobre as relações étnicos raciais é um imperativo de reconciliação com a justiça", enfatizou.

A escritora também se manifestou contra o absurdo e reiterou que a mãe está espalhando desinformação. "A mãe em questão precisa estudar sobre o contexto social e racial do país, sobretudo vivendo em Salvador, capital do estado com maior população negra no Brasil", destacou Djamila Ribeiro em seu Instagram. 

Criticados por serem livros de autores negros

Essa não é a primeira vez que a escola é alvo de polêmica e é sempre pelo mesmo motivo. Por usar outros livros que abordavam o antirracismo no Brasil, o Antônio Vieira também foi criticado em 2019. Após a escolha do livro "Na Minha Pele", do ator e diretor Lázaro Ramos, para ser utilizado nas aulas. Um publicitário, pai de um dos alunos, manifestou sua reprovação à obra em pelas redes sociais, classificando-a como "lixo".

No ano passado, o livro infantil "Amoras", do rapper Emicida, foi alvo de vandalismo por parte da mãe de um aluno do ensino fundamental. As páginas do livro foram riscadas com indicações de salmos bíblicos, enquanto informações sobre orixás foram marcadas como "falsas".