A vitória de Evandro Leitão em Fortaleza (CE) significou um triunfo importante para o PT e também para o ministro da Educação Camilo Santana, duas vezes governador do estado. E foi uma derrota para a direita, agora com tons bolsonaristas, que já havia tentado chegar à prefeitura da capital cearense com Capitão Wagner. Mas há outro grande derrotado na disputa.
No dia da votação do primeiro turno, Ciro Gomes (PDT) viu o atual prefeito e candidato à reeleição José Sarto, do seu partido, ter somente 11,7% dos votos válidos, distante dos dois que passaram para o segundo turno, o deputado federal André Fernandes (PL), que teve 40,2%, e Leitão, com 34,33%.
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A derrota precoce ilustrou o declínio do PDT no estado e de Ciro, principal nome da legenda após a saída de seu irmão, Cid, que migrou para o PSB. Em 2020, o partido elegeu 67 prefeitos no Ceará e, agora, cinco.
Por outro lado, o novo partido de Cid se tornou a sigla com maior número de prefeituras, vencendo em 65 cidades. Já o PT, antes aliado no estado e agora alvo principal da ira de Ciro, elegeu 46 prefeitos no primeiro turno, antes do triunfo em Fortaleza.
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Ciro e o segundo turno em Fortaleza
Embora tenha declarado neutralidade no segundo turno na capital cearense, Ciro Gomes fez diversos ataques a Evandro Leitão. Como destaca o portal Uol, em publicação no Instagram neste sábado (26), o ex-ministro de Lula e ex-governador chamou Evandro de "ridículo". Antes já havia dito que o PDT "não é nem nunca será um puxadinho do PT".
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Depois de votar, ele posou para foto ao lado do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Claudio (PDT), apoiador declarado de André Fernandes no segundo turno, usando na imagem uma camisa com o número 22 do PL.
A derrota de Fernandes e o apoio considerado velado de Ciro ao candidato bolsonarista devem ser combustível para uma reunião que será realizada entre deputados federais pedetistas na próxima quarta-feira (30). Na pauta, a expulsão ou um "convite" para que o ex-ministro se retire da legenda.
Alguns membros do PDT avaliam a formação de uma federação com o PSB e consideram Ciro um obstáculo para isso. A sigla se preocupa em superar a cláusula de barreira em 2026, quando precisará eleger 13 deputados ou ter 2,5% dos votos válidos.
"Eu vou protocolar um pedido de expulsão se isso não avançar de uma forma consensual no partido", diz o deputado Josenildo (PDT-AP), ao jornal O Povo. "Ele está indo para outro rumo. Como ele está desviando a rota, até para o partido retomar esse crescimento, que ele busque um partido que pensa igual a ele."