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Prefeita de Campo Grande (MS) nomeia 12 pastores e gera repercussão nacional

Após a reeleição de Adriane Lopes, a Assembleia de Deus Missões, da qual ela faz parte, comemorou publicamente a vitória por meio de um comunicado oficial

Prefeita de Campo Grande (MS) nomeia 12 pastores e gera repercussão nacional.A prefeita Adriane Lopes em sua posseCréditos: Reprodução
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A nomeação de 12 pastores da Igreja Assembleia de Deus para cargos na gestão municipal da prefeita Adriane Lopes (PP), em Campo Grande (MS), tem gerado grande repercussão nacional. A administração municipal justifica as indicações alegando critérios técnicos e profissionais, mas a proximidade da gestora com a igreja levanta questionamentos sobre a influência religiosa na administração pública.

Após a reeleição de Adriane Lopes, a Assembleia de Deus Missões, da qual ela faz parte, comemorou publicamente a vitória por meio de um comunicado oficial. O texto ressaltava o fato histórico de a prefeita ser a primeira mulher eleita ao cargo na cidade e destacava seu envolvimento com a denominação religiosa, mencionando sua atuação como missionária.

Apesar da administração garantir que as nomeações foram feitas com base em competência profissional e necessidades da gestão, a resposta às indagações foi considerada vaga. A prefeitura limitou-se a afirmar que os cargos foram ocupados independentemente da filiação religiosa dos indicados.

Influência religiosa e nomeações

A forte presença da Assembleia de Deus Missões na administração municipal não é um fato inédito. Desde o primeiro mandato de Lopes, a denominação religiosa tem exercido influência na gestão. Os pastores nomeados ocupam cargos cujos salários variam entre R$ 4.403 e R$ 9.567, e a lista inclui nomes como Hemerson Ortiz da Mota, Marcos Ferreira Chaves de Castro, Jorge Luís Franco, Julinei Herão Ferreira, Emerson Marques do Amaral, Moacir Frank da Costa, Jusley Gonçalves Lopes, Enoque Camposano, Emerson Irala de Souza, Jadir Cabral, Ciro Vieira Ferreira e Fausto Azevedo Tales.

Entre os pastores que exercem influência na Assembleia de Deus Missões, destaca-se Antônio Dionízio da Silva, presidente da denominação desde 1991. O líder religioso ganhou notoriedade nacional em 2020, após o vazamento de um vídeo no qual ele dá um tapa no bumbum de uma ex-funcionária da igreja. O episódio gerou revolta entre fiéis e chegou a mobilizar centenas de pessoas em frente ao templo, tornando-se um caso policial.

Histórico político e relação com a igreja

O envolvimento de Adriane Lopes com a Assembleia de Deus Missões também se reflete na trajetória política de sua família. Durante um culto no final de 2024, o pastor Lidio Lopes relembrou a entrada da família na política em 2006 e comemorou sucessivas vitórias eleitorais. Ele mencionou que a conquista da reeleição da esposa foi um processo difícil, mas que contou com apoio divino.

A estreita ligação entre a gestão municipal e a igreja continua sendo alvo de críticas, especialmente pela falta de transparência sobre os critérios utilizados para a nomeação dos pastores. A prefeitura segue sustentando que as indicações foram feitas com base em qualificações profissionais, mas a relação entre religião e administração pública permanece como ponto central do debate.

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