Na cerimônia de posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, realizada nesta segunda-feira (20), o pastor Franklin Graham, conduziu uma oração em que intercedeu pelo novo chefe de Estado, sua esposa Melania Trump, e pelo vice-presidente J.D. Vance, além de sua família.
Durante sua mensagem, Graham enfatizou a fidelidade de Deus, citando passagens bíblicas dos livros de Salmos, Daniel e Samuel. Antes de iniciar a oração, o evangelista reconheceu os desafios enfrentados por Trump, sobretudo durante o governo de Joe Biden, quando o republicano foi alvo de diversos processos judiciais: “Senhor presidente, nos últimos quatro anos, houve momentos em que, tenho certeza, você pensou que tudo estava perdido, mas veja o que Deus fez. Nós O louvamos e damos glória a Ele”, declarou Franklin.
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Ao longo de sua prece, o pastor também dedicou parte da oração à primeira-dama Melania Trump, elogiando sua “beleza, calor e graça” como qualidades inspiradoras. Além disso, intercedeu pelo vice-presidente J.D. Vance, sua esposa Usha e seus filhos, comparando Vance a Aarão, que sustentava os braços de Moisés em momentos de batalha.
— O profeta Samuel lembrou ao povo que foi Deus quem os libertou do Egito, dizendo: “Agora fiquem parados para que eu possa argumentar com vocês diante do Senhor” — citou Graham.
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Encerrando a oração, o evangelista agradeceu a Deus pelas liberdades e bênçãos desfrutadas pelo país, pedindo que os americanos mantenham o foco em valores espirituais. Graham finalizou com uma invocação a Jesus Cristo, exaltando-O como o "Rei dos Reis e Senhor dos Senhores".
O pastor Zé Barbosa Jr, colunista da Revista Fórum, destaca alguns pontos da oração de Graham: “apesar da invocação final a Jesus Cristo – e que só se fez para ressaltar o Rei e Senhor – durante sua oração Graham só reivindicou figuras do Antigo Testamento, trazendo a Trump um papel quase messiânico. E é curioso que, ao falar da mulher só destacou qualidades que reforçam o estigma de ‘bela, recatada e do lar’, como beleza, calor e graça, além de colocar o vice como alguém subserviente cuja única função é sustentar os braços do grande líder, na oração referenciado por Moisés, o libertador”, diz Barbosa.
O Filho de Billy Graham
Franklin Graham é pastor e presidente da Associação Evangelística que leva o nome de seu pai, o famoso evangelista Billy Graham, conhecido pelas inúmeras cruzadas evangelísticas que lotavam estádios no Brasil, na década de 70, período da ditadura militar em nosso país.
O filho de Billy tem sido uma figura controversa ao longo de sua trajetória pública. Suas opiniões sobre temas políticos, sociais e religiosos frequentemente geraram polêmicas. Aqui estão algumas das principais controvérsias envolvendo o evangelista, como em setembro de 2011, após o ataque às torres gêmeas, descreveu o Islã como uma religião "muito perversa e má", sempre demonstrando apoio às guerras contra o povo muçulmano.
Graham é um dos líderes evangélicos mais destacados a apoiar Donald Trump, mesmo diante de controvérsias envolvendo o ex-presidente, chegando a alegar que sua liderança era parte do plano de Deus para os Estados Unidos. Além disso, Graham condenou a adoção de crianças por casais LGBTQIA+ e expressou oposição a medidas de proteção contra discriminação. Grupos de direitos humanos o acusam de promover discurso de ódio, enquanto ele defende que está apenas expressando crenças bíblicas.
Franklin Graham também foi alvo de críticas por sua remuneração como presidente de duas grandes organizações sem fins lucrativos: a Associação Evangelística Billy Graham e a Samaritan’s Purse. Em 2015, foi revelado que ele recebia altos salários de ambas as instituições, o que gerou questionamentos sobre a ética no uso de recursos doados por fiéis. Ele respondeu alegando que seu trabalho em ambas as organizações justificava sua remuneração, que chegava a quase 1 milhão de dólares anuais.
Essas controvérsias têm consolidado Graham como uma figura polarizadora: enquanto é amplamente apoiado por uma base evangélica conservadora, também enfrenta críticas significativas de outros segmentos da sociedade, incluindo cristãos progressistas, ativistas de direitos humanos e líderes religiosos de diferentes denominações.