ABSURDO

Assembleia Legislativa de Goiás barra nome de docente para Conselho de Educação: “Professora de esquerda”

Deputado responsável pelas acusações é alinhado ao bolsonarismo e um dos alvos da Operação Lesa Pátria

Fachada do Conselho Estadual de Educação.Créditos: Divulgação
Escrito en BRASIL el

O Fórum Nacional de Educação (FNE) da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) se manifestou contrário à decisão da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ), da Assembleia Legislativa de Goiás, de barrar a professora Dra. Lueli Duarte e Silva do Conselho Estadual de Educação. 

Representante do Fórum no estado e diretora da Faculdade de Educação da UFG, a professora teria sido indicada ao cargo por possuir, ampla experiência e competência na área, segundo o Fórum Estadual de Educação de Goiás. No entanto, o responsável por vetar a indicação foi o deputado Amauri Ribeiro (União Brasil), que orientou os demais votantes à rejeição da docente ao Conselho.

Ao criticar o posicionamento da professora em relação aos livros didáticos usados na rede de ensino e aprovados pelo Plano Nacional de Livro Didático (PNLD), Amauri criticou Lueli e disse que "não quer uma professora de esquerda para sua filha".

Vale lembrar que o deputado é alinhado ao bolsonarismo e carrega um histórico controverso, marcado por denúncias graves. Em 2015, foi alvo de denúncia por agressão física contra a própria filha, na época com 16 anos. Além disso, o parlamentar atualmente está envolvido na Operação Lesa Pátria, que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

O deputado Talles Barreto (União Brasil) manifestou concordância com a visão do colega relator. Durante a votação, a deputada Bia de Lima (PT) foi uma das votantes que destacou que o papel da Assembleia não é exercer qualquer tipo de cerceamento ideológico, mas sim avaliar aspectos como o currículo, a idoneidade e a postura da pessoa indicada ao Conselho Estadual de Educação. 

Ela ressaltou que, durante a sabatina da professora Lueli Nogueira, não houve nenhuma atitude inadequada e condenou a rejeição da indicação, que foi amplamente apoiada por mais de 30 entidades ligadas à educação. 

De acordo com a nota de repúdio publicada pelo FNE, a “análise” proferida por Amauri é considerada “um desvio de finalidade da comissão que justifica a rejeição da prof. Lueli, sem considerar parâmetros objetivos para atribuir a indicada a desqualificação para o cargo”.

“Tal visão demonstra uma falta de compromisso com a pluralidade de pensamentos e com a qualidade educacional, aspectos fundamentais para o desenvolvimento de uma educação democrática e inclusiva”, diz ainda a nota.

O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN) também se manifestou contrariamente à decisão da CCJ. “A docente Lueli Nogueira Duarte Silva atua há mais de 30 anos em prol da educação, na melhoria do processo ensino-aprendizagem, da qualidade social do ensino, da valorização das e dos profissionais da educação e na consolidação do Sistema Educativo do Estado de Goiás”, afirmou em comunicado.

Siga os perfis da Revista Fórum e da jornalista Alice Andersen no Bluesky