POLÍCIA CIVIL DO RIO DE JANEIRO

Adolescente teria matado família para sacar FGTS do pai

Segundo a polícia, ao confessar o crime o garoto demonstrou frieza e ausência de arrependimento

As três vítimas de homicídio em Itaperuna com o adolescente.Créditos: Redes Sociais
Escrito en BRASIL el

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga se o adolescente de 14 anos apreendido pelo assassinato dos pais e do irmão caçula, de apenas 3 anos, teria cometido os crimes motivado pelo interesse em um benefício financeiro. A principal linha de investigação da 143ª Delegacia Policial (DP), em Itaperuna, aponta que o jovem teria buscado na internet como acessar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) após a morte do pai, que possuía um saldo estimado de R$ 33 mil.

Segundo a polícia, o conteúdo foi encontrado no celular do adolescente, onde constava a pergunta: “como receber FGTS de falecido”. Em depoimento, no entanto, o garoto afirmou que teria feito a pesquisa somente depois de matar os familiares — o que, se confirmado, pode afastar a hipótese de premeditação com base financeira.

Outro possível motivo investigado é uma relação virtual mantida pelo adolescente com uma garota de 15 anos que vive no estado do Mato Grosso. A família do jovem desaprovava o relacionamento e teria impedido uma viagem do rapaz para conhecer a namorada, o que pode ter sido um estopim. "Durante a perícia, encontramos uma bolsa de viagem pronta. Nela estavam os celulares das vítimas", revelou o delegado Carlos Augusto Guimarães, titular da 143ª DP. "Ele contou que conheceu a menina em jogos online e que estava frustrado com a proibição dos pais."

Farsa de desaparecimento e descoberta dos corpos

O caso veio à tona na terça-feira (24), quando o adolescente foi até a delegacia acompanhado da avó paterna para registrar o desaparecimento da família. A mulher contou aos agentes que tentava contato com o filho e a nora desde o sábado anterior, sem sucesso.

O adolescente, por sua vez, relatou uma história fantasiosa: disse que o irmão teria se engasgado com um caco de vidro e que os pais saíram de casa às pressas com o menino em um carro de aplicativo, não tendo retornado mais. A versão foi rapidamente colocada em dúvida após os policiais verificarem que nenhum hospital da cidade havia registrado entrada de pacientes com os nomes fornecidos.

Uma perícia foi então solicitada e realizada na manhã de quarta-feira (25). No imóvel, localizado no bairro São Mateus, os peritos encontraram roupas com manchas de sangue e queimaduras, além de vestígios no colchão do casal. Um forte cheiro de decomposição levou os agentes até a cisterna nos fundos da casa, onde os corpos foram localizados.

“Depois que localizamos os corpos, ele confessou o crime. Disse que deu um tiro na cabeça do pai e da mãe e matou o irmão com um tiro no pescoço. Quando perguntamos por que matou o menino, ele respondeu que foi para poupá-lo da dor de perder os pais”, afirmou o delegado.

Detalhes do crime e frieza do adolescente

De acordo com a investigação, o adolescente dormia no quarto dos pais por conta do ar-condicionado. Na noite dos crimes, ele teria tomado um suplemento pré-treino para se manter acordado e aguardou a família adormecer. A arma usada nos assassinatos, um revólver pertencente ao pai, estava guardada sob o colchão do casal.

Após cometer os assassinatos, ele arrastou os corpos até a cisterna, usando produto de limpeza para disfarçar os rastros de sangue. “A cisterna ficava a cerca de cinco metros do quarto. Não era longe”, explicou o delegado.

A arma foi encontrada posteriormente na casa da avó paterna, que a recolheu da residência do neto ao encontrá-la sozinha, sem saber dos homicídios. A polícia não considera que ela tenha participação no crime.

Perfil frio e ausência de remorso

Segundo a polícia, o adolescente demonstrou frieza e ausência de arrependimento durante o depoimento. “Ele foi muito espontâneo ao contar como cometeu os crimes. É um menino frio, sem remorso. Perguntamos se ele se arrependia e ele disse que não, que faria tudo de novo”, relatou o delegado Carlos Augusto. “As respostas eram rápidas, sempre com um tom de autoafirmação. Há um traço de psicopatia. Ele pode ter premeditado tudo ou é extremamente inteligente.”

O jovem segue apreendido e será submetido a exames psicológicos. A investigação continua para esclarecer todas as motivações e circunstâncias do crime que chocou a cidade.

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar