TENTATIVA DE HOMICÍDIO

Laura Sabino, influenciadora de esquerda, é alvo de tentativa de assassinato em MG

Alvo constante de ameaças por sua atuação militante, Laura foi vítima de um ataque à faca do próprio irmão, que ainda tentou atear fogo em seu corpo

A influenciadora Laura Sabino.Créditos: Reprodução/Instagram
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A influenciadora digital Laura Sabino, conhecida por sua militância de esquerda nas redes sociais, foi vítima de uma tentativa de assassinato em 14 de março deste ano, em Belo Horizonte (MG). O agressor foi o próprio irmão, que invadiu sua casa, desferiu ao menos nove facadas e ainda tentou atear fogo em seu corpo. O caso foi revelado nesta quarta-feira (12) em reportagem da jornalista Amanda Audi, da Agência Pública.

Laura Sabino, que tem quase um milhão de seguidores e produz conteúdo político desde 2019, decidiu tornar público o ataque nesta quinta-feira (12), através de uma publicação em seu perfil no Instagram. 

“Essa é uma postagem que nunca imaginei fazer. No dia 14 de março, sofri uma tentativa de assassinato. Hoje estou bem, segura, trabalhando, estudando e criando. Tenho ao meu lado quem me fortalece – meu pai, minha família, meu companheiro, meus amigos dentro e fora da militância. Estou cercada de pessoas que admiro e, pela primeira vez em muito tempo, tenho conseguindo me dedicar ao que me faz bem. Nas últimas semanas, mensagens e indiretas me fizeram entender que esconder o que vivi só dá mais poder ao que aconteceu", escreveu.

Segundo a reportagem da Pública, Laura estava estudando em seu quarto quando ouviu um barulho e, ao procurar saber o que era, foi surpreendida pelo irmão com duas facas. Ela foi golpeada no abdômen, braços e ombros. Ainda ferida, percebeu que ele jogava álcool gel sobre seu corpo e tentava acender um fósforo. Ela conseguiu fugir, acionou o namorado por telefone e escapou da morte.

O agressor foi preso em flagrante, e a prisão foi convertida em preventiva. Ele continua detido enquanto aguarda julgamento.

De acordo com documentos obtidos pela Agência Pública, Laura já havia registrado cinco boletins de ocorrência contra o irmão, estava incluída no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos e havia obtido uma medida protetiva cinco dias antes do ataque. Ainda assim, o agressor só foi notificado da medida depois do crime.

“Por mais absurdo que pareça, esta não é a primeira vez que luto pela minha vida. Com toda certeza não será isso que definirá quem sou ou que rumos minha vida seguirá”, escreveu a influenciadora, que agora retoma as atividades de criação de conteúdo e participação em movimentos sociais.

Ataques e ameaças

O histórico de ameaças, segundo Laura e sua família, envolve misoginia, perseguição política e deterioração da saúde mental do irmão. Antes do ataque, ele enviava mensagens com xingamentos e ameaças. “Mas alguém podia tanto te matar, vei. Na moral. Vagabunda”, escreveu ele em uma das mensagens relatadas pela vítima à Pública.

Dois dias antes do crime, uma fake news propagada por um influenciador de extrema direita viralizou nas redes, acusando falsamente Laura Sabino de envolvimento com drogas e maus-tratos. A jovem refutou as alegações e anunciou que tomaria medidas legais. Pouco depois, veio o ataque.

Apesar da brutalidade do ataque, Laura segue determinada. “Estou cercada de pessoas que admiro e, pela primeira vez em muito tempo, tenho conseguido me dedicar ao que me faz bem”, disse na publicação em que rompeu o silêncio sobre a tentativa de feminicídio.

A equipe do Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais afirmou em nota que “a luta de Laura simboliza mais do que resistência: ela escancara a urgência de políticas efetivas de proteção a defensores e defensoras de direitos humanos”.

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