O pai de santo Leandro Teixeira dos Santos, conhecido como Leandro de Oyá, foi vítima de um ataque a tiros no último sábado (17), no bairro Parque São Vicente, em Mauá, na Grande São Paulo. O caso está sendo investigado como lesão corporal, injúria por preconceito e porte ilegal de arma. A vítima alega ter sido alvo de intolerância religiosa e homofobia.
De acordo com o boletim de ocorrência, Leandro voltava de uma cerimônia em seu terreiro de candomblé e vestia trajes tradicionais da religião quando foi abordado por Tiago Rodrigues da Silva. O suspeito o teria seguido durante o trajeto e, após uma breve discussão, retornou armado ao local, disparando duas vezes contra o religioso. Os tiros, dados à queima-roupa, atingiram as pernas de Leandro.
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Testemunhas afirmam que o agressor proferiu ofensas homofóbicas e intolerantes antes de atirar. “Além de macumbeiro, é viado”, teria dito Tiago, segundo relato do amigo da vítima, Sidnei Nogueira, em entrevista ao portal UOL.
Segundo Nogueira, Leandro havia realizado oferendas na noite anterior e caminhava próximo de casa quando foi abordado. “Ele estava de branco, com as roupas do ritual, e disse que um cara apareceu e começou a chamá-lo. Ele não atendeu. O homem falou ‘psiu’, começaram a discutir, e foi quando tudo aconteceu”, relatou.
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Após o crime, a polícia encontrou a arma usada no ataque dentro de uma lixeira no prédio onde o suspeito mora. Tiago foi preso em flagrante e, ao confessar o crime, alegou que teria sido "provocado" pela vítima, afirmando que Leandro o teria seguido e dito "psiu", levando-o a questionar se o pai de santo era “viado” ou se queria assaltá-lo.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo confirmou a prisão e informou que a ocorrência foi registrada como posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, lesão corporal e injúria com motivação preconceituosa, por raça, cor, etnia ou procedência nacional.
Estado de saúde e consequências
Leandro foi levado ao Hospital Nardini, onde passou por cirurgia para a retirada dos fragmentos de bala e correção de fraturas nas pernas. Segundo amigos, seu estado é estável, mas ele está emocionalmente abalado com o ataque. “Ele está assustado, não consegue falar direito, e está cogitando até fechar o terreiro. Está traumatizado”, afirmou Sidnei Nogueira.
O caso gerou indignação em lideranças religiosas e ativistas dos direitos humanos, que cobraram apuração rigorosa e reforço às políticas de combate à intolerância religiosa e à homofobia.
A investigação está a cargo do 1º Distrito Policial de Mauá. Até o momento, a defesa do suspeito preso não se manifestou. Se houver posicionamento, a reportagem será atualizada.