CRIME BÁRBARO

Caso Vitória: Como tudo teria começado ainda em 2024

O assassinato trágico da adolescente foi o capítulo final de uma história que teve início há quase um ano, no bairro rural de Ponunduva, em Cajamar, na Grande SP

Créditos: Instagram/Reprodução
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O Brasil vem acompanhando nas últimas semanas um caso bárbaro e dramático de uma adolescente de 17 anos que desapareceu após sair do trabalho, em Cajamar, na Região Metropolitana de São Paulo, e que foi achada morta, com os cabelos raspados, sinais de tortura e degolada, numa área de mata. Vitória Regina de Sousa, moradora do bairro rural de Ponunduva, onde praticamente todos os habitantes se conhecem, era descrita como uma garota alegre e sem problemas com ninguém.

Quando o caso ganhou repercussão nacional, a Polícia Civil paulista acabou se afobando diante de inúmeros indícios e pistas e colocou um ex-namorado da jovem como suspeito. Depois, surgiu a versão de que um homem que teria uma relação com esse ex poderia ser o autor da barbaridade. Vizinhos, conhecidos, amigos de suspeitos, enfim, uma enormidade de nomes surgiu na imprensa, ainda que todos eles de alguma forma fosse relacionados pelas autoridades a um só sujeito: Maicol Antonio Sales do Santos, de 27 anos.

Também morador da pequena localidade pacata e verde de Ponunduva, Maicol era tão conhecido dos demais personagens investigados quanto a própria Vitória. Por lá, todos se conhecem, mesmo que de vista, e grande parte dos cidadãos e cidadãs experimentam um estilo de vida bastante comunitário, há pelo menos duas gerações.

O fato é que, depois de muitos erros e acertos, os investigadores do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro), chefiados pelo delegado-diretor Luiz Carlos do Carmo, concluíram que, de fato, Maicol teria agido sozinho em todas as etapas do monstruoso crime, algo que sequer era considerado no início do caso. O aprofundamento das diligências, o acesso à memória do telefone celular dele e a conclusão de alguns laudos permitiram aos policiais descobrir algo estarrecedor.

Maicol tinha uma obsessão por Vitória. Nunca ficou claro por meio de depoimentos se alguma vez ele tentou uma investida para conquistar a adolescente, ou se chegou a manter contato na intenção de “ficar” com a moça, mas ele passava o dia obcecado por ela.

Os investigadores descobriram que pelo menos há quase um ano, desde 2024, o sujeito se comportava como um verdadeiro “stalker”, termo do inglês usado para classificar pessoas que são paranoicas por alguém e passam a seguir seus passos, a monitorando, e muitas vezes gerando ameaças e importunações. Esse era o caso, garante a polícia, e ali começou toda a história doentia que culminaria uma ato hediondo que chocou o país.

No celular de Maicol, muitos prints de publicações de Vitória nas redes sociais, muitas fotos e vídeos sobre a rotina dela eram armazenados ao longo dos meses. O homem parecia não fazer outra coisa da vida que não fosse “viver” a vida da menina. O inquérito mostrou que, no dia crime inclusive, o acusado tomou conhecimento de que a adolescente havia saído trabalho na lanchonete de um shopping onde trabalhava e que estava no ônibus a caminho de casa, tarde da noite, justamente porque ela fez uma postagem numa plataforma contando isso. Teria sido o tempo necessário para ele botar em prática o plano de assassiná-la, indo até a parada de transporte público em que ela desceria.

Num primeiro momento chegou a ser veiculada a informação de que o laudo da Superintendência de Polícia Técnico-Científica de São Paulo apontava para um abuso sexual sofrido pela vítima antes de sua execução, mas posteriormente a informação não foi confirma, embora essa parte do documento ainda não tenha sido tornada público, o que não afasta a hipótese de estupro. Se Maicol tinha também uma obsessão sexual por Vitória, aí poderia estar mais uma prova contra ele, mas isso dependerá da conclusão final.

O que os policiais também não conseguiram compreender foi o motivo para a adolescente ter o cabelo raspado, algo que no mundo do crime organizado denota um caso de traição. Há ainda outros pontos que a Polícia Civil de São Paulo não conseguiu entender e conectar com um episódio típico de um “stalker”, como o fato de as mãos da jovem estarem cobertas com material plástico e seu cadáver ter sido encontrado nu.

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