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Polícia Civil de SP procura agressor do escritor Marcelo Rubens Paiva

Homem atacou autor do livro “Ainda Estou Aqui”, que deu origem ao filme que disputa o Oscar, durante bloco de carnaval na capital. Vítima é cadeirante e tem 65 anos

O agressor do escritor Marcelo Rubens Paiva.Créditos: Felipe Marques/Zimel Press/Folhapress
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A Polícia Civil de São Paulo está tentando identificar o homem que agrediu o escritor Marcelo Rubens Paiva durante o desfile do bloco carnavalesco do Baixa Augusta, ocorrido no domingo (23), na região central da capital paulista. Paiva, que é cadeirante e tem 65 anos, é o autor de "Ainda Estou Aqui", obra na qual foi baseado o filme do mesmo nome, dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres, que disputa o Oscar deste ano em três categorias.

Filho do deputado cassado Rubens Paiva, raptado, torturado e morto em 1971 por agentes da Ditadura Militar (1964-1985), o escritor era o porta-estandarte do bloco, desfilando à frente do caminhão de som, quando foi atacado por um sujeito que arremessou uma lata de cerveja nele e depois o atingiu no rosto com uma mochila.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), nenhuma ocorrência sobre o fato foi registrada nas delegacias de Polícia Civil do estado, mas ainda assim a instituição recebeu a incumbência de identificar e capturar o acusado, que até o momento não foi identificado, em que pese o fato de alguns registros de seu rosto terem sido feitos no momento da agressão.

A SSP incentivou ainda que Paiva procure uma delegacia o quanto antes para registrar a ocorrência e contar o que ocorreu. A Polícia Civil diz que conta com a ajuda da população para que o covarde agressor seja identificado e localizado.

Mundo político reage

No mundo político, várias foram as manifestações de repúdio ao ataque e de apoio ao escritor. “A extrema direita semeia ódio e destruição por onde passa. Desrespeitar e agredir uma voz como a de Marcelo Rubens Paiva é inaceitável e um ataque contra todos que lutam por democracia”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE).

A deputada federal Jandira Feghali (Psol-RJ) também se manifestou nas redes sociais. “A agressão covarde sofrida por Marcelo Rubens Paiva em um bloco que celebrava sua história escancara o ódio daqueles que não toleram a alegria e a diversidade”, escreveu.

Paulo Pimenta (PT) prestou apoio ao escritor e ressaltou que “atacar um símbolo da cultura, da memória e da resistência democrática é um ato covarde que não pode ser normalizado”.

“Toda solidariedade a Marcelo Rubens Paiva. Inconcebível a agressão que sofreu”, afirmou o deputado federal Glauber Braga (Psol).

"Intolerância!", declarou o deputado Ivan Valente (PSol-SP). "Quero expressar minha solidariedade a Marcelo Rubens Paiva, agredido de forma covarde no desfile do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, que fez homenagem ao filme Ainda Estou Aqui, que retrata o assassinato de seu pai, Rubens Paiva, pela ditadura militar e a resistência de sua mãe, Eunice, brilhantemente interpretada por Fernanda Torres. Um homem jogou uma mochila em direção ao escritor, que felizmente não se feriu. Isso é um verdadeiro absurdo!", enfatizou.

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) destacou que a agressão a Marcelo é efeito do ódio alimentado pela extrema direita nas redes sociais. “O episódio de agressão retrata a personalidade perversa que infelizmente virou padrão na extrema direita. Não existe diálogo, não existe respeito. É constantemente ódio, em sua forma mais bruta.”

O Ministério da Cultura (MinC) também expressou solidariedade ao escritor e soltou uma nota condenando o ocorrido. "O autor de, entre outras importantes obras, 'Ainda Estou Aqui' – livro que inspirou filme homônimo, indicado a três categorias do Oscar – foi alvo de um ataque covarde na tarde deste domingo (23), durante o desfile do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, na região central de São Paulo", inicia o comunicado.

Em outro trecho, o órgão ressalta a gravidade do ocorrido: "Além de injustificada, a agressão se deu em meio aos já tradicionais festejos de blocos carnavalescos – comemoração que ganha cada vez mais força em todo país, sobretudo na capital paulista. O objetivo do carnaval é a diversão, o respeito mútuo e a ocupação da cidade de forma gratuita e acessível".

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, também se manifestou sobre o episódio: “É triste receber a notícia que Marcelo, usando uma máscara da atriz Fernanda Torres, e durante os vários motivos que temos para comemorar sua vida, resistência e obra, tenha sido alvo dessa situação. Nós, do Ministério da Cultura, repudiamos todo e qualquer ato de violência e nos solidarizamos com esse grande nome da nossa história e cultura”, declarou a ministra.

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