ASSÉDIO NO TEMPLO

Igreja de Valdemiro Santiago terá que indenizar funcionário por assédio moral

Igreja Mundial do Poder de Deus, liderada pelo apóstolo, foi condenada a pagar uma indenização a um ex-funcionário que participou de uma greve

Igreja de Valdemiro Santiago terá que indenizar funcionário por assédio moral.Apóstolo Valdemiro SantiagoCréditos: Divulgação/ValdemiroSantiago
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A Igreja Mundial do Poder de Deus, liderada pelo apóstolo Valdemiro Santiago, foi condenada pela Justiça do Trabalho a pagar uma indenização de R$ 10 mil a um ex-funcionário que participou de uma greve em 2021. A decisão, inicialmente proferida pela 14ª Vara do Trabalho, foi mantida em segunda instância após recurso da instituição.

O protesto envolveu cerca de 100 empregados da igreja e foi motivado por atrasos frequentes no pagamento de salários e benefícios, como o vale-refeição. Durante um culto, Valdemiro Santiago reagiu à paralisação com declarações polêmicas, chamando os grevistas de "imundos". "O que é imundo não pode chegar perto do que é sagrado", afirmou o religioso. Ele ainda declarou que "o sindicato vai mandar lá na casa deles, aqui, não. Vai trabalhar em outra coisa. Não na obra de Deus".

Na ação judicial, o ex-funcionário, que atuava no setor de almoxarifado desde 2009 e foi demitido em junho de 2022, alegou ter sido alvo de insinuações depreciativas por parte de bispos da igreja durante transmissões ao vivo. O advogado do trabalhador argumentou que seu cliente e os demais grevistas estavam exercendo um direito previsto no artigo 9º da Constituição Federal.

O juiz Maurício Marchetti, relator do caso na segunda instância, considerou que Valdemiro "claramente atentou contra a dignidade psíquica do funcionário e feriu sua integridade moral", utilizando sua posição de líder religioso para desqualificar o direito à greve.

A Igreja Mundial, por sua vez, negou ter cometido qualquer ato ilícito e argumentou que a ação seria uma tentativa do ex-funcionário de se beneficiar financeiramente às custas da instituição. No processo, afirmou que Santiago não proferiu palavras ofensivas e que o trabalhador seguiu exercendo suas funções normalmente após a greve. "Não houve assédio moral", alegou a defesa da igreja.

A Igreja Mundial ainda pode recorrer da decisão.

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