Entre 2022 e 2024, pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Arqueológicas Indígenas (NuPAI) da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) realizaram escavações no Complexo Arqueológico Lagoa de Itaipu, em Niterói (RJ), dividido em cinco áreas: Duna Grande, Duna Pequena, Sambaqui de Camoinhas (formado por construções pré-históricas de conchas, restos de animais, artefatos e sedimentos), e os sítios Restinga e Jacuné, de exploração mais recente, informa a Uerj.
O que eles descobriram é fascinante: segundo a hipótese dos pesquisadores, a Lagoa de Itaipu, na Região Oceânica de Niterói, pode ser o "centro" de um grande sítio arqueológico ocupado por populações pré-históricas, de até 8 mil anos atrás.
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O local já era estudado desde a década de 1960, mas teve suas escavações interrompidas e reiniciadas apenas em 2022.
Ali, os pesquisadores da UERJ encontraram "artefatos com datas antigas e recentes", o que evidencia que a ocupação se deu "em todo o entorno da lagoa ao longo do tempo", disse Anderson Marques Garcia, um dos coordenadores do projeto, em entrevista à UOL.
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Entre os achados estão ferramentas de pedra lascada, materiais carbonizados (provavelmente indicativos de fogueiras), conchas de bivalves e restos de fauna marinha, como dentes de tubarão e partes de arraias.
Com escavações de 40 centímetros a um metro de profundidade, foi possível encontrar, além disso, uma "mão de mó", instrumento utilizado para moer alimentos. Em escavações anteriores, já havia sido encontrado um almofariz (uma pequena tigela utilizada para a trituração de alimentos, que acompanha uma peça de pilão ou um bastão), e as peças aparentam ser complementares.
Isso, de acordo com Garcia, é "raríssimo". "Conversei com colegas de outras partes do Brasil", disse ele, "e ninguém nunca viu isso antes".
As peças e as partes de animais da fauna local são representativos das práticas alimentares cotidianas dos povos que viviam ali há 8 mil anos, sugerem os pesquisadores.
“Esperamos, com esta pesquisa, contribuir para o debate e para um maior conhecimento sobre os povos originários que habitavam a atual Região Oceânica de Niterói”, afirma Garcia.
Agora, os achados devem ser estudados pelo centro de pesquisas na Uerj antes de serem levados ao Museu de Arqueologia de Itaipu para a exibição pública. É possível acessar o acervo museológico de Itaipu digitalmente clicando aqui.