Um policial militar da ativa foi preso esta quinta-feira (16), suspeito de ter matado o empresário Vinícius Gritzbach, delator do PCC executado no ano passado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Gritzbach, que era acusado de envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro para a facção, fez delação premiada assinada com o Ministério Público. No documento ele entregou pessoas ligadas ao PCC além de acusar policiais de corrupção.
A operação que levou à prisão faz parte de uma investigação que mira policiais militares suspeitos de vazar informações sigilosas para favorecer criminosos. Outros 12 PMs foram presos e ainda há mandados de prisão contra outros dois. O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, afirmou à Globo sobre as prisões:
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“Nada vai ficar sem a devida resposta. A operação de hoje mostra que a Polícia Militar não admite desvios de conduta. Estamos atacando o crime organizado em diferentes frentes”, afirmou. Ainda não está claro se o PM preso era um dos contratados para a escolta de Gritzbach nem como era o esquema do PCC com ele.
Uma denúncia anônima deu início à investigação. Vazamentos de informações confidenciais buscavam beneficiar criminosos da facção, impedindo prisões e perdas financeiras ao grupo. De acordo com a Corregedoria, policiais militares na ativa e na reserva estavam envolvidos na comercialização de dados estratégicos. Gritzbach, um dos beneficiados, utilizava PMs como escolta particular, reforçando a ligação dos agentes à organização criminosa. Veja a cronologia da investigação:
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Abril de 2024
A Corregedoria da Polícia Militar (PM) inicia um inquérito para investigar o possível envolvimento de policiais com o crime organizado. A denúncia indicava que alguns PMs não apenas prestavam serviços de segurança para criminosos, mas também repassavam informações sigilosas para a facção.
Outubro de 2024
Uma nova denúncia é enviada à Corregedoria. Desta vez, fotos mostram policiais militares escoltando Vinícius Gritzbach durante uma audiência no Fórum da Barra Funda, levantando suspeitas sobre a relação dos agentes com o acusado.
8 de novembro de 2024
Vinícius Gritzbach é assassinado no aeroporto de Guarulhos. No mesmo dia, policiais que realizavam sua escolta são detidos, e seus celulares são apreendidos para investigação.
A partir dessas evidências, a Corregedoria começa a cruzar informações e descobre que os PMs integravam uma rede de proteção ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Os policiais forneciam dados estratégicos para que a facção pudesse antecipar-se às operações policiais.
Com a continuidade das investigações, a Corregedoria identifica um dos executores de Gritzbach. A quebra do sigilo telefônico revelou que ele estava na cena do crime no momento do assassinato. O trabalho foi complementado com o reconhecimento minucioso do suspeito, realizado a partir de depoimentos de testemunhas que o avistaram durante a fuga.
Execução de Gritzbach
O empresário foi executado com 10 tiros enquanto deixava o Terminal 2 por dois homens que desceram de um carro preto. Segundo fontes do Ministério da Justiça e do governo, houve contato informal com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) para iniciar o compartilhamento de informações, dado o histórico de cooperação entre as instituições no combate ao crime organizado.
Além disso, uma força-tarefa de promotores de São Paulo solicitou ao procurador-geral de Justiça do estado uma designação para acompanhar a investigação conduzida pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Gritzbach foi executado a tiros ao deixar o saguão do Terminal 2 do aeroporto. Acompanhado de sua namorada e retornando de uma viagem a Goiás, ele foi alvo de um ataque violento foi feito com armas de alto calibre, incluindo fuzis e metralhadoras por volta das 16h. Outras três pessoas ficaram gravemente feridas, incluindo dois motoristas de aplicativo e uma pedestre.
O Corpo de Bombeiros prestou os primeiros socorros ao empresário, mas ele não resistiu aos ferimentos. Segundo as autoridades, o crime foi cometido por dois homens armados com um fuzil calibre 7.65, que fugiram em um carro preto, modelo Gol. O celular de Gritzbach foi recolhido pela polícia e passará por perícia, com a análise de trocas de mensagens momentos antes do ataque sendo considerada uma peça-chave para o avanço nas investigações.