O candidato Guilherme Boulos terá uma intensa agenda na semana final de campanha antes do primeiro turno, voltada especialmente para conquistar os votos dados a Lula na eleição presidencial de 2022 nos extremos da capital paulista.
Boulos ainda está longe, ao menos nas pesquisas, de chegar lá: no primeiro turno de 2022, Lula teve 47,5% dos votos dos paulistanos contra Jair Bolsonaro. Em 2012, Fernando Haddad teve 28,98% no primeiro turno, em um quadro com vários candidatos competitivos. Foram as duas ocasiões em que os candidatos do PT venceram as eleições.
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Desta vez, no entanto, Boulos enfrenta duas surpresas: o forte apoio ao prefeito Ricardo Nunes entre os mais pobres e o apelo de Pablo Marçal aos jovens da periferia.
É por isso que Boulos vai passar a semana em bairros populares, onde o PT sempre se deu bem: São Miguel Paulista, Itaim Paulista, Itaquera, Cidade Tiradentes, Rio Pequeno, Paraisópolis, Campo Limpo, Capão Redondo, Jardim São Luís, Perus e Pirituba.
No sábado, véspera da eleição, a campanha de primeiro turno termina na avenida Paulista com uma caminhada com a presença do presidente Lula, às 2 da tarde.
De olho no segundo turno
A ofensiva final de Boulos começou no Jardim Damasceno, na Zona Norte de São Paulo, onde o movimento que já foi comandado pelo candidato, o MTST, instalou a primeira cozinha solidária, em 2021. Lula venceu Bolsonaro no distrito eleitoral da Brasilândia, em 2022, com 57,54%.
Tradicionalmente, os candidatos do PT ganham com vantagem significativa nos bairros mais populosos de São Paulo.
Em 2022, Lula venceu na Cidade Tiradentes, extremo da Zona Leste, com 64,41% contra 35,59% de Bolsonaro.
Em sua carreata de domingo, acompanhado pela vice Marta Suplicy, Boulos enfatizou com os candidatos a vereador um de seus planos, o Poupatempo da Saúde.
É uma das principais carências dos eleitores: o acesso a serviços de Saúde, acima de tudo de médicos especialistas.
Em sua fala com repórteres no Jardim Damasceno, já foi possível antever qual seria o discurso do candidato se ele passar ao segundo turno contra o prefeito Ricardo Nunes.
Boulos enfatizou que Nunes é o candidato de Bolsonaro. Mencionou as falas do prefeito que revelam negacionismo sobre as vacinas contra a Covid e a tentativa de golpe de 8 de janeiro.
Também tentou estabelecer um contraste entre Nunes e ele; o prefeito teria abandonado a periferia, que Boulos promete priorizar como candidato dos mais pobres.
Boulos fugiu da pergunta sobre o comportamento de Tábata Amaral no debate mais recente, da RecordTV, quando ela atacou fortemente o candidato da esquerda e disse que ficará neutra em eventual segundo turno.
Ao não atacá-la, Boulos tenta herdar os votos eventualmente dados a Tábata, se passar ao segundo turno, com um discurso antibolsonarista.