TÁTICA BOLSONARISTA

A confissão de Marçal sobre agressividade com jornalista

Coach de extrema direita deu mais um exemplo no programa "Roda Viva" de como transforma entrevistas jornalísticas em um monólogo de mentiras e acusações infundadas

Pablo Marçal no programa "Roda Viva".Créditos: Reprodução/TV Cultura
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Pablo Marçal, candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo (SP), confessou nesta segunda-feira (3), em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, que mantém uma postura agressiva e desrespeitosa com jornalistas apenas para gerar "cortes" para as redes sociais. 

Na última semana, a jornalista Clarissa Oliveira, da CNN Brasil, revelou após sabatina com Marçal na emissora que o "coach" de extrema direita tentou se explicar sobre sua grosseria ao término do programa, quando as câmeras não estavam mais filmando. 

“Olha, aquilo ali foi só para gerar cortes, viu?”, disse o candidato do PRTB à jornalista. Ele se referia ao fato de ter afirmando, durante a sabatina, que Clarissa Oliveira deveria "estudar um pouquinho" logo após ser questionado sobre o fato de ter sido condenado à prisão em 2005 por integrar uma quadrilha de fraude bancária. 

Já no "Roda Viva", Marçal foi questionado sobre a revelação feita pela jornalista da CNN e, ao responder, confirmou que, de fato, sua agressividade é uma tática para "gerar cortes" para as redes sociais. 

"Falei isso mesmo. Estou sem fundão, sem padrinho político, sem tempo de TV. Vocês vão ter que aguentar os cortes", disparou o "coach" de extrema direita. 

Ao longo do programa da TV Cultura, que era para ser uma entrevista jornalística, Marçal debochou da bancada e praticamente fez um monólogo de mentiras e acusações infundadas. 

"Proposta, quem quiser, vai no site do TRE"

Na noite desta segunda-feira (2), o candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal foi o entrevistado do programa "Roda Viva", da TV Cultura. Mais uma vez, entrou em confronto com jornalistas e fez sua pregação "contra o sistema", buscando se desviar das perguntas mais incômodas. 

Logo no início do programa, polemizou com a jornalista de O Globo Malu Gaspar, dizendo que ela havia publicado "uma mentira" ao falar que ele pretendia criar um partido para formar "candidatos-coach" em 2026. A jornalista perguntou sobre uma entrevista dada ao podcast Flow, onde ele deu a declaração: "No processo eleitoral, me perdoe, você tem que ser um idiota. Infelizmente a nossa mentalidade gosta disso. E, por ser um povo que gosta disso, eu preciso produzir isso. Preciso ter um comportamento que chame atenção. Não é uma parada que eu me divirto".

Ele respondeu atacando a jornalista e dizendo não achar que o eleitor fosse um idiota, embora tenha dito que "quem votou no Lula deve ser idiota". Depois, ainda buscou provocar Malu Gaspar, afirmando que ela quis usar o nome do candidato para fazer um click bait, termo que se refere a conteúdo da internet que é destinado a buscar visualizações. A jornalista retrucou: "Quando o senhor foi preso pela primeira vez em 2005, eu estava cobrindo o Mensalão, o senhor não vai me ensinar a fazer jornalismo".

O jornalista Pedro Borges, do Alma Preta, perguntou se Marçal achava honesto fazer a associação entre Boulos e o uso de drogas por conta do processo de um homônimo que teria sido usado para fundamentar a falsa acusação contra o candidato do PSOL. Perguntado sobre qualquer prova a respeito do uso de drogas pelo adversário, prometeu que entregaria no último debate. Questionado se era justo que as filhas do candidato do PSOL passassem por esta situação, esperando até o último debate, ele afirmou que "deve ser muito ruim ser filho de Boulos." 

Marçal evitou fazer críticas fortes a Alexandre de Moraes, quando questionado, apontando que há um "desequilíbrio" entre os Poderes da República. "Com todo respeito aos onze togados, já passou essa briga. O Brasil precisa ser unificado", falou, delegando ao Senado a responsabilidade de promover um eventual processo de impeachment contra o ministro do STF.

A jornalista Amanda Audi, da Agência Pública, perguntou se não era antidemocrático que ele fizesse política para cortes e não divulgar propostas. "Proposta, quem quiser, vai no site do TRE", disse. 

A bancada de entrevistadores do Roda Viva foi formada por Amanda Audi, repórter da Agência Pública, Bruno Ribeiro, repórter de política do portal Metrópoles, Malu Gaspar, editora e colunista de O Globo, Pedro Borges, diretor de redação da Alma Preta, e Pedro Canário, repórter do UOL.